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Wagner sustenta que presidente
pode não se candidatar à reeleição
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, afirmou ontem que "não seria um
desastre" para o PT se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidisse não se candidatar à reeleição
depois que o partido passou a ser
alvo de denúncias de corrupção.
Lula deverá tomar uma decisão
até o fim de fevereiro, disse ele.
"Estou dizendo que não acho
que seria um desastre [a não-candidatura] porque o problema do
PT é o problema desse episódio
que aconteceu [o escândalo do
"mensalão']", disse o ministro.
Wagner explicou ainda que a
imagem do PT não será salva somente com a reeleição de Lula:
"Esse desgaste não se resolve só
com uma nova eleição. É uma
marca que vai ficar no PT, que vai
ser decantada com o tempo".
O ministro ressaltou que o partido não conta com outro candidato e que os integrantes do governo e da base aliada no Congresso dão como certa a candidatura à reeleição de Lula.
"Evidentemente que o melhor
candidato que o PT chama-se
Luiz Inácio Lula da Silva. Eu diria
que é o único candidato que o
partido tem", disse. Wagner reuniu-se com o presidente na manhã de ontem. Ele contou que Lula tem discutido com diferentes
interlocutores a possibilidade de
não se candidatar. "Eu acho que é
uma reflexão sincera dele. Ele
nunca foi adepto da reeleição."
Ontem, o presidente conversou
sobre a possibilidade de não se
candidatar também com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Os
dois estiveram juntos no começo
da tarde. O senador é contra a tese
de reeleição. "Sobre esse tema eu
tenho muita afinidade com ele
[Lula]. Ele vem desenvolvendo
ainda uma análise sobre o assunto
[a possibilidade de não se candidatar]. É legítimo que esteja refletindo", contou Suplicy.
O senador foi ao Planalto para
acertar os detalhes da viagem à
Bolívia onde ele e o presidente deverão, no dia 22, assistir à posse
do presidente eleito Evo Morales.
Na oportunidade, Suplicy representará o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL).
"Quero conversar muito com o
presidente, apesar de a viagem ser
curta", disse Suplicy. Ele, que disputou as prévias internas do PT
contra Lula em 2002, afirmou que
não pretende fazer o mesmo neste
ano: "Já anunciei que, se ele quiser
ser candidato, não pretendo concorrer às prévias".
Apesar de o assunto reeleição
ser freqüente na agenda do presidente, Jaques Wagner responsabilizou a oposição por antecipar o
debate eleitoral. Para ele, o PSDB
e o PFL preferem que Lula não seja candidato. "O primeiro que sugeriu isso foi Fernando Henrique
Cardoso há seis meses."
O presidente Lula vai tirar três
ou quatro dias de folga, de acordo
com Wagner. Isso poderia ocorrer a partir de quinta. Lula, porém, ainda não teria decidido
nem a data nem a quantidade de
dias que ficará longe do trabalho.
"Como ele quer descanso, ele não
está revelando para onde vai."
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