São Paulo, segunda, 3 de fevereiro de 1997.

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CRISE INTERNA
Conflitos nos diretórios municipais são apontados pelo partido como fator principal para derrota nas eleições do ano passado
PT decreta intervenção em Santos e Diadema

IGOR GIELOW
da Reportagem Local

O PT de São Paulo anunciou ontem a intervenção em dois dos principais diretórios do partido no Estado, Santos e Diadema.
É uma das maiores intervenções na história do partido em São Paulo, seu berço político, e atinge duas cidades que já foram símbolos de administração petista.
Em ambos os casos, o motivo da intervenção foi a fragorosa derrota nas eleições municipais de outubro passado devida a divisões internas nos diretórios.
No caso de Diadema, cuja intervenção já havia sido decidida na semana passada pela Executiva do partido, o principal derrotado é o deputado federal José Augusto Ramos -que dominava o diretório.
Ramos foi derrotado pelo ex-petista Gilson Menezes (PSB) na disputa pela prefeitura -que estava nas mão do PT desde 1982.
O partido culpa as desavenças entre Ramos e o então prefeito, José de Filippi Jr. pela derrota. Filippi não apoiou Ramos, seu antecessor no cargo.
Surpresa
A surpresa do encontro do Diretório Estadual, realizado na tarde de sábado, foi a intervenção em Santos -que foi aprovada por margem de apenas cinco votos.
``É um ponto difícil, mas necessário para irmos em frente'', afirmou o deputado federal João Paulo, presidente do diretório.
A principal derrotada em Santos é Telma de Souza, prefeita entre 1988 e 1992 que concorreu e perdeu para o malufista Beto Mansur (PPB) na disputa de outubro.
Para o diretório, a derrota decorreu da falta de apoio do então prefeito petista David Capistrano -que havia sucedido Telma em 1992 e rompeu com a ex-prefeita durante a campanha de 96.
Além de perder o comando de uma das maiores cidades do Estado, na qual estava no poder desde 1988, Telma viu com a derrota suas chances de ser candidata a governadora paulista no ano que vem serem diminuídas.
Em Santos e Diadema haverá troca de todos os membros dos diretórios municipais.
Houve também dez intervenções parciais em municípios nos quais o PT local se aliou a partidos ``não-autorizados'' pela Executiva Nacional.
As alianças ``proibidas'' incluíram partidos como PMDB, PSDB, PL e PTB. Ubatuba, Araras e Praia Grande são algumas das cidades nas quais o PT local foi afetado pela decisão.
Processo
As intervenções vêm coroar um processo de desgaste interno do PT paulista, derrotado na eleição de outubro. Em dezembro, correntes internas antagônicas divulgaram manifestos em que se culpavam mutuamente pelas perdas.
Com a decisão de sábado, tanto a ``esquerda'', que opta por discursos de oposição mais radicais, quanto a ``direita'', partidária de coligações, perderam.
Grupos como o Hora da Verdade e Democracia Socialista se dividiram sobre a intervenção em Santos. ``Mas o principal é que abrimos uma brecha para acabar com a impunidade para quem destrói o partido com lutas internas'', disse um dirigente petista.

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