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CRISE INTERNA
Conflitos nos diretórios municipais são apontados pelo partido como fator principal para derrota nas eleições do ano passado
PT decreta intervenção em Santos e Diadema
IGOR GIELOW
da Reportagem Local
O PT de São Paulo anunciou ontem a intervenção em dois dos
principais diretórios do partido no
Estado, Santos e Diadema.
É uma das maiores intervenções
na história do partido em São Paulo, seu berço político, e atinge duas
cidades que já foram símbolos de
administração petista.
Em ambos os casos, o motivo da
intervenção foi a fragorosa derrota
nas eleições municipais de outubro passado devida a divisões internas nos diretórios.
No caso de Diadema, cuja intervenção já havia sido decidida na
semana passada pela Executiva do
partido, o principal derrotado é o
deputado federal José Augusto Ramos -que dominava o diretório.
Ramos foi derrotado pelo ex-petista Gilson Menezes (PSB) na disputa pela prefeitura -que estava
nas mão do PT desde 1982.
O partido culpa as desavenças
entre Ramos e o então prefeito, José de Filippi Jr. pela derrota. Filippi
não apoiou Ramos, seu antecessor
no cargo.
Surpresa
A surpresa do encontro do Diretório Estadual, realizado na tarde
de sábado, foi a intervenção em
Santos -que foi aprovada por
margem de apenas cinco votos.
``É um ponto difícil, mas necessário para irmos em frente'', afirmou o deputado federal João Paulo, presidente do diretório.
A principal derrotada em Santos
é Telma de Souza, prefeita entre
1988 e 1992 que concorreu e perdeu para o malufista Beto Mansur
(PPB) na disputa de outubro.
Para o diretório, a derrota decorreu da falta de apoio do então prefeito petista David Capistrano
-que havia sucedido Telma em
1992 e rompeu com a ex-prefeita
durante a campanha de 96.
Além de perder o comando de
uma das maiores cidades do Estado, na qual estava no poder desde
1988, Telma viu com a derrota suas
chances de ser candidata a governadora paulista no ano que vem
serem diminuídas.
Em Santos e Diadema haverá
troca de todos os membros dos diretórios municipais.
Houve também dez intervenções
parciais em municípios nos quais
o PT local se aliou a partidos
``não-autorizados'' pela Executiva
Nacional.
As alianças ``proibidas'' incluíram partidos como PMDB, PSDB,
PL e PTB. Ubatuba, Araras e Praia
Grande são algumas das cidades
nas quais o PT local foi afetado pela decisão.
Processo
As intervenções vêm coroar um
processo de desgaste interno do
PT paulista, derrotado na eleição
de outubro. Em dezembro, correntes internas antagônicas divulgaram manifestos em que se culpavam mutuamente pelas perdas.
Com a decisão de sábado, tanto a
``esquerda'', que opta por discursos de oposição mais radicais,
quanto a ``direita'', partidária de
coligações, perderam.
Grupos como o Hora da Verdade
e Democracia Socialista se dividiram sobre a intervenção em Santos. ``Mas o principal é que abrimos uma brecha para acabar com
a impunidade para quem destrói o
partido com lutas internas'', disse
um dirigente petista.
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