São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/DANÇA DAS CADEIRAS

Jobim confirma que deixará cargo para se filiar ao PMDB; além de Misabel Derzi, desembargador Enrique Ricardo Lewandowski é cotado

Procuradora deve ganhar vaga no STF

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afunilou ontem para dois nomes a lista original de 11 candidatos que disputam a indicação para o Supremo Tribunal Federal. A procuradora-chefe da Prefeitura de Belo Horizonte, Misabel de Abreu Machado Derzi, e o desembargador paulista Enrique Ricardo Lewandowski apareciam como os mais cotados.
O presidente tende a indicar um homem e uma mulher para as duas próximas vagas do Supremo -uma já aberta com a aposentadoria de Carlos Veloso, e outra que se abrirá com a saída de Nelson Jobim, presidente do Supremo, que ontem disse a Lula que deixará o cargo em março para se filiar ao PMDB.
Na vaga "feminina", a escolhida é Misabel, cuja indicação recebe forte apoio político do PT. Ela esteve ontem com Lula, ao lado do prefeito de Belo Horizonte, o petista Fernando Pimentel.
Já Lewandowski, que também esteve com o presidente, causou boa impressão, segundo auxiliares do presidente. Lula disse a pessoas próximas que estava entre Misabel e Lewandowski para a primeira vaga.
O professor de direito civil da Universidade Federal do Paraná Luiz Edson Fachin passou de favorito a azarão. Mas ele tem a simpatia do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, interlocutor do presidente que terá mais peso nas duas escolhas.

Eleições
Na conversa que teve ontem com Lula, Jobim considerou "difícil" a possibilidade de aliança oficial do PMDB com o PT -o que seria necessário para que fosse candidato a vice na chapa petista- e colocou-se à disposição para ser uma ponte entre o partido do presidente e o PSDB.
Jobim tem forte laços com os tucanos e desenvolveu uma relação amistosa com Lula. O presidente avalia que isso pode facilitar um diálogo entre PT e PSDB, que polarizam as eleições presidenciais desde 1994.
Na reunião, Jobim disse que quer se filiar ao PMDB, partido ao qual pertencia antes de virar ministro do STF, mas somente após 19 de março, quando será a prévia em que cerca de 20 mil filiados da legenda escolherão um candidato a presidente.
Nos bastidores, Lula trabalha para que a ala governista inclua na cédula de votação da prévia outra opção: a de um peemedebista ser vice numa aliança PT-PMDB. Segundo a Folha apurou, o próprio Lula sabe que será difícil ter o PMDB oficialmente ao seu lado, mas pretende costurar alianças estaduais entre os dois partidos, garantindo alguns palanques.
"Jornalista que especula e político que sonha com o apoio do PMDB ao PT ou ao PSDB vai perder", disse ontem o peemedebista Jarbas Vasconcelos, governador de Pernambuco, que esteve reunido com Lula.
Nas conversas reservadas, Lula tem dito que já considera uma vitória política que a maioria dos caciques peemedebistas esteja apoiando o governador Germano Rigotto (RS) nas prévias do partido e não o ex-governador Anthony Garotinho (RJ). Na avaliação de Lula, Rigotto é um candidato que adotaria um discurso menos agressivo em relação a ele, além de estar com baixo patamar de intenção de voto nas pesquisas -entre 2% e 3% a depender da pesquisa e do cenário.


Colaboraram ELIANE CANTANHÊDE, PEDRO DIAS LEITE e ANA CESALTINA, da Sucursal de Brasília

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