São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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Candidatura Alckmin ganha manifesto

DA REPORTAGEM LOCAL

Em resposta ao avanço do prefeito paulistano José Serra na disputa interna do PSDB, os apoiadores do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, lançarão um manifesto em favor de sua candidatura à Presidência. Um dos articuladores, o deputado Roque Barbieri, promete, para terça-feira, a divulgação de um documento em que toda a bancada do PSDB na Assembléia Legislativa defenderia a escolha de Alckmin.
Segundo ele, "o partido em São Paulo está sendo covarde e deve mostrar ao país que prefere Alckmin". "Nada contra. Mas o Serra deve ficar na dele. O Serra está no teto. O Alckmin, no piso."
O potencial de crescimento não é o único argumento dos defensores de Alckmin. Líder do governo na Assembléia, Edson Aparecido alega que a indicação de Serra colocaria em foco a comparação do governo Lula com o de Fernando Henrique Cardoso. Aparecido ressuscita ainda uma polêmica: "Não tem sentido o PSDB deixar de administrar uma cidade como São Paulo, algo por que lutamos durante 20 anos".
"O governador está mais tranqüilo em comparação aos prejuízos da renúncia do prefeito Serra. Ele prometeu ficar", endossou a deputada Havanir Ribeiro.
O deputado Orlando Morando chega a lembrar o empenho de Alckmin pela eleição de Serra em 2004. "Espero que o prefeito reconheça o apoio de Geraldo", disse.
Se Serra quiser concorrer à Presidência, terá que deixar o cargo antes de abril, deixando os dois anos e nove meses restantes de mandato para o PFL do vice Gilberto Kassab.
Amanhã, Barbieri e Aparecido estarão em Araçatuba, onde prefeitos, vereadores e presidentes de diretórios municipais farão um movimento pró-Alckmin. A ofensiva provoca, no entanto, desconforto na bancada. Embora a maioria seja favorável a Alckmin, alguns resistem à idéia de ter que optar agora. Incomodado, o deputado Celino Cardoso duvida que esse movimento parta do governador. "Esse tipo de pressão não ajuda. Os dois são sensatos. Vão compor entre si. Não vão expor os companheiros a escolher."
O movimento é uma reação ao exército serrista. Alckmin tem lamentado da desarticulação e se queixa da "plantação" de notícias em favor de Serra. "Por enquanto, eles só ganharam em plantação de notinhas", ironizou Aparecido.

Frente pró-Serra
Também na semana que vem, Serra receberá o apoio de uma frente nascida do meio acadêmico. Na terça-feira, o economista Luiz Gonzaga Beluzzo, que é filiado ao PPS, participou de um encontro para elaboração de um manifesto pela candidatura de Serra. A reunião contou com a presença dos professores José Márcio Rêgo e Basílio Sallum Jr.
"Foi uma reunião suprapartidária para tratar da candidatura Serra. Na eleição anterior eu apoiei o Lula e vejo hoje que o Brasil precisa de uma direção mais firme para recuperar o crescimento econômico", justificou Beluzzo.
Além de um manifesto, o movimento terá um site na internet, a exemplo do "Nova Política" (www.novapolitica.org.br), em favor de Alckmin.
Ontem, o governador voltou a atribuir a uma interpretação equivocada a notícia de que esteja reavaliando sua decisão de renunciar ao mandato. Ele disse que tem o sonho de trabalhar pelo país. Apesar disso, ele não respondeu se permanecerá no cargo, caso o PSDB opte por lançar Serra à disputa pela Presidência.
"Por que vou avaliar uma hipótese que exclui uma postulação que estou fazendo?", reagiu.


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