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QUESTÃO AGRÁRIA
Pesquisa preliminar lista casos de 82 a 2005
Levantamento liga só 17% de mortes no campo no PA a disputa por terras
DANIELE SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
O TJ (Tribunal de Justiça) do
Pará divulgou ontem resultados
preliminares de uma pesquisa sobre as mortes ocorridas na zona
rural do Estado entre 1982 e 2005 e
indicou que, na maioria dos casos
(79%), "ainda não foram comprovados como relacionados com
a luta pela posse de terra".
De acordo com resumo publicado no site do TJ (www.tj.pa.gov.
br), 4,06% dos casos têm motivações diversas, como latrocínio e
crimes passionais, e apenas
16,79% estão ligados a conflitos
fundiários.
O estudo, iniciado em abril de
2005, tem como base uma lista de
590 mortes elaborada pela Fetagri
(Federação dos Trabalhadores na
Agricultura). Apesar da divulgação dos números, o presidente do
TJ, desembargador Milton Nobre,
afirma que eles não são conclusivos e que ainda devem mudar, já
que novos dados são enviados aos
pesquisadores todos os meses pelos juízes do interior.
O presidente diz que o objetivo
maior da pesquisa não é identificar as causas das mortes no campo, e sim acelerar o andamento
dos processos. "O Judiciário está
preocupado em saber o que já
veio para nós, o que andou, o que
não andou e por que não andou,
determinando o que tem que andar, para não dizerem que o caso
Dorothy andou rápido, e os demais? Não, os demais também estão andando rápido."
Os primeiros números da pesquisa mostram que 28% dos casos
não têm qualquer registro de inquérito policial ou processo judicial, 22% estão sem informações
suficientes para buscas e apenas
5% -ou 29 casos em 590- tiveram condenação dos responsáveis pelas mortes. "Primeiro a
gente está medindo onde tem impunidade, qual é a dimensão disso. No estágio atual da pesquisa,
não se pode tirar conclusão precipitada. Eu não posso dizer "há impunidade", até porque tem casos
já julgados", afirma Nobre.
A Comissão Pastoral da Terra
pretende divulgar pesquisa sobre
as mortes no campo ocorridas no
Pará durante os últimos 30 anos
até o final deste mês. O coordenador José Batista Afonso diz que o
número chega a quase 800 e que a
imensa maioria dos casos relacionados a conflitos pela terra não
resultou em punição dos culpados. Para ele, o maior problema
ainda é a impunidade.
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