São Paulo, domingo, 03 de março de 2002

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"Ainda falta transparência"

Folha - É possível atender simultaneamente veículos e políticos?
Mauro Paulino -
Possível é, muita gente faz. Mas, na minha experiência, não vejo como fazer. Quando você atende um cliente, torna-se parceiro.
Pesquisa feita para candidato visa identificar problemas e o que fazer para conquistar o eleitor. Pesquisa jornalística tem o intuito de informar o público. Os funcionários do Datafolha são treinados para ter espírito jornalístico. Imagino que os de um instituto que trabalhe para uma campanha de alguma forma se envolvam com ela.

Folha - Quando feita em data escolhida a dedo para potencializar resultados, a pesquisa não deixa de ser retrato para se tornar alavanca de candidatos?
Paulino -
É uma deturpação do instrumento. Pesquisa é um meio de coleta de informação. Se passarmos a fazê-la pensando no momento ideal para que o resultado tenha a maior repercussão possível, estaremos deturpando o objetivo.

Folha - Pesquisa Datafolha diz que o eleitor não confia em pesquisa. Por quê?
Paulino -
Em parte, o questionamento é resultado da importância que a pesquisa adquiriu no processo eleitoral. Mas a desconfiança tem fundamento, por dois motivos. O primeiro é que ainda falta, à maioria dos institutos, transparência em mostrar os limites do instrumento, que não permite a precisão cobrada pelo público e pela imprensa. O segundo é a atitude de alguns institutos. À medida que seus dirigentes dão declarações emocionais, apostando neste ou naquele candidato, prejudicam a imagem de todos.


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