São Paulo, domingo, 03 de março de 2002

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"Mesmo na TV, Enéas daria 2%"

Folha - Se a pesquisa é um retrato, coletar dados após expor o candidato na TV não equivale a escolher seu melhor ângulo em prejuízo dos concorrentes?
Carlos Augusto Montenegro -
Essa é uma discussão. Agora, se formos pensar assim, estariam impedidas as pesquisas da semana passada, porque pegaram toda a mídia do lançamento de José Serra. Ele terá um programa na quarta. Tenho certeza de que sua campanha fará pesquisa em seguida.
A televisão, sozinha, não explica o crescimento da candidata do PFL. As pessoas têm respostas muito simplistas. "Roseana? Mulher. Garotinho? Evangélico." Experimente pôr o Enéas uma hora na TV com Nizan Guanaes. Vai dar 2%.

Folha - Por que a desconfiança em relação às pesquisas?
Montenegro -
O Ibope tem um índice de acerto de 96%. Talvez já tenhamos feito umas 10 mil pesquisas, com 70 mil ou 80 mil prognósticos, um para cada candidato. Não é só saber quanto teve o vencedor ou quem foi para o segundo turno. Mas o eleitor e grande parte da imprensa não estão interessados em todos esses números.

Folha - Então a culpa é dos jornalistas?
Montenegro -
A maioria da imprensa se acomodou em esperar as pesquisas e perguntar aos políticos o que acham dos resultados.
Muito se fala a respeito da influência das pesquisas. Sobre o eleitor, a meu ver, ela é mínima. Serve como uma informação, e olhe lá. Mas a influência é brutal sobre empresários, coligações, cabos eleitorais e a mídia, que se pauta pelos números para definir o espaço de cada candidato na cobertura.


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