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"Mesmo na TV, Enéas daria 2%"
Folha - Se a pesquisa é um retrato, coletar dados após expor
o candidato na TV não equivale a
escolher seu melhor ângulo em
prejuízo dos concorrentes?
Carlos Augusto Montenegro -
Essa é uma discussão. Agora, se
formos pensar assim, estariam
impedidas as pesquisas da semana passada, porque pegaram toda a mídia do lançamento de José Serra. Ele terá um
programa na quarta. Tenho
certeza de que sua campanha
fará pesquisa em seguida.
A televisão, sozinha, não explica o crescimento da candidata do PFL. As pessoas têm
respostas muito simplistas.
"Roseana? Mulher. Garotinho?
Evangélico." Experimente pôr
o Enéas uma hora na TV com
Nizan Guanaes. Vai dar 2%.
Folha - Por que a desconfiança
em relação às pesquisas?
Montenegro - O Ibope tem
um índice de acerto de 96%.
Talvez já tenhamos feito umas
10 mil pesquisas, com 70 mil ou
80 mil prognósticos, um para
cada candidato. Não é só saber
quanto teve o vencedor ou
quem foi para o segundo turno.
Mas o eleitor e grande parte da
imprensa não estão interessados em todos esses números.
Folha - Então a culpa é dos jornalistas?
Montenegro - A maioria da
imprensa se acomodou em esperar as pesquisas e perguntar
aos políticos o que acham dos
resultados.
Muito se fala a respeito da influência das pesquisas. Sobre o
eleitor, a meu ver, ela é mínima.
Serve como uma informação, e
olhe lá. Mas a influência é brutal sobre empresários, coligações, cabos eleitorais e a mídia,
que se pauta pelos números para definir o espaço de cada candidato na cobertura.
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