|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Imprensa se faz de ingênua"
Folha - Há pesquisa em excesso na cobertura jornalística
das eleições?
Marcos Coimbra - Quando não
há pesquisa, a imprensa não sabe o que fazer, que é o caso, por
exemplo, das eleições para o
Congresso. É óbvio que ela merece muito mais atenção do
que recebe dos jornais. Minha
avaliação independe dos interesses comerciais do setor, até
porque a divulgação de resultados tem pouco efeito sobre a
receita dos institutos. A maior
parte das pesquisas é feita para
consumo interno dos clientes.
Folha - É correto fazer pesquisa em condições destinadas a
potencializar o desempenho de
um candidato?
Coimbra - Em um mundo
ideal, é claro que não. A pesquisa teria de neutralizar efeitos
conjunturais para ser o mais
equilibrada possível. Mas esse
mundo não existe no caso de
empresas que atuam comercialmente. Se você for contratado para ir a campo um dia depois do programa do Serra, você vai. O que tem de ficar claro,
e aí entra muito o papel da imprensa, é a particularidade do
momento. E o impacto dessas
espertezas evapora quando a
campanha se aproxima do final. Não se ganha nem se perde
eleição por causa disso.
Folha - A pesquisa é mais que
instrumento de informação?
Coimbra - É instrumento de
informação e de marketing. O
candidato não contrata pesquisa só para saber como está, mas
para agir politicamente, arregimentar apoios, tirar de adversários. Não se pode ser ingênuo
para o uso mercadológico da
informação. Às vezes a imprensa se faz de ingênua. Trata
como grande notícia o que foi
feito para dar aquele resultado.
Texto Anterior: "Somos julgados por resultados" Próximo Texto: Marketing em questão: Ex-marqueteiro do PT põe o marketing no banco dos réus Índice
|