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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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De esquerda, Barbas sai com dois sambas

Bloco do Rio "reúne" moderados e radicais

FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO

A senadora Heloísa Helena (PT-AL), o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o deputado federal Babá (PT-PA) e o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, fazem parte do mesmo bloco. Pelo menos no Carnaval.
Eles estiveram juntos nos sambas-enredo do Barbas, tradicional bloco de rua de Botafogo (zona sul do Rio), conhecido por desfilar temas políticos e reunir militância e simpatizantes da esquerda no sábado de Carnaval. Mas nem no bloco há trégua entre os radicais do PT e os moderados do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Cada ala ganhou seu samba-enredo na tarde do último sábado: lado a lado num panfleto-abanador, estavam lá uma letra com as comemorações pela chegada de Lula ao poder, ironias com a atriz Regina Duarte e loas a Fidel Castro, e outra com críticas à política econômica, à escolha do presidente do Banco Central e ao "sotaque paulista" do governo.
A divisão de enredos do bloco, escolhidos por votação na terça-feira, é um bom resumo do debate entre eleitores de Lula nos últimos dois meses.
O verso "Eu vou barbarizar com Heloísa e Babá" era repetido com entusiasmo pelos simpatizantes um tanto desconfortáveis com os primeiros dois meses de governo petista.
"Eu vim aqui por causa desse enredo, eu sou da DS [Democracia Socialista, mesma corrente no PT da senadora Heloísa Helena]", disse Daniel do Vale, 22, membro do diretório do partido em Niterói (RJ) .
"Prefiro o samba dos radicais. Eu acho que o governo tem que fazer uma política mais agressiva para a queda dos juros", disse o economista Sandro Cidade, 31.
Entre os que preferiam o samba dos versos "Vem comemorar, chegou a hora da virada", a idéia era a de que é preciso dar mais tempo ao governo. "Ainda é cedo para criticar, temos que comemorar Lula no poder", disse Marcelo Baroni, 31. Para Bárbara Murat, 19, há ainda o argumento musical: "Esse samba é bem melhor".
Muitas camisas vermelhas, material da campanha , bandeiras do MST e frases contra a "guerra [possível conflito no Iraque] por petróleo" estiveram no bloco que desfila há 19 anos, presidido por Nelson Rodrigues Filho, o Nelsinho, filho do escritor Nelson Rodrigues. Havia bandeiras históricas, mas também as de ocasião: "Não é possível a paz mundial com cerveja a dois reais".


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