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De esquerda, Barbas sai com dois sambas
Bloco do Rio "reúne" moderados e radicais
FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO
A senadora Heloísa Helena
(PT-AL), o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o deputado federal Babá (PT-PA) e o
ministro do Desenvolvimento,
Luiz Fernando Furlan, fazem
parte do mesmo bloco. Pelo
menos no Carnaval.
Eles estiveram juntos nos
sambas-enredo do Barbas, tradicional bloco de rua de Botafogo (zona sul do Rio), conhecido por desfilar temas políticos e reunir militância e simpatizantes da esquerda no sábado
de Carnaval. Mas nem no bloco
há trégua entre os radicais do
PT e os moderados do governo
Luiz Inácio Lula da Silva.
Cada ala ganhou seu samba-enredo na tarde do último sábado: lado a lado num panfleto-abanador, estavam lá uma
letra com as comemorações
pela chegada de Lula ao poder,
ironias com a atriz Regina
Duarte e loas a Fidel Castro, e
outra com críticas à política
econômica, à escolha do presidente do Banco Central e ao
"sotaque paulista" do governo.
A divisão de enredos do bloco, escolhidos por votação na
terça-feira, é um bom resumo
do debate entre eleitores de Lula nos últimos dois meses.
O verso "Eu vou barbarizar
com Heloísa e Babá" era repetido com entusiasmo pelos simpatizantes um tanto desconfortáveis com os primeiros dois
meses de governo petista.
"Eu vim aqui por causa desse
enredo, eu sou da DS [Democracia Socialista, mesma corrente no PT da senadora Heloísa Helena]", disse Daniel do
Vale, 22, membro do diretório
do partido em Niterói (RJ) .
"Prefiro o samba dos radicais. Eu acho que o governo
tem que fazer uma política
mais agressiva para a queda
dos juros", disse o economista
Sandro Cidade, 31.
Entre os que preferiam o
samba dos versos "Vem comemorar, chegou a hora da virada", a idéia era a de que é preciso dar mais tempo ao governo.
"Ainda é cedo para criticar, temos que comemorar Lula no
poder", disse Marcelo Baroni,
31. Para Bárbara Murat, 19, há
ainda o argumento musical:
"Esse samba é bem melhor".
Muitas camisas vermelhas,
material da campanha , bandeiras do MST e frases contra a
"guerra [possível conflito no
Iraque] por petróleo" estiveram no bloco que desfila há 19
anos, presidido por Nelson Rodrigues Filho, o Nelsinho, filho
do escritor Nelson Rodrigues.
Havia bandeiras históricas,
mas também as de ocasião:
"Não é possível a paz mundial
com cerveja a dois reais".
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