São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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Micro de ex-assessor está encostado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O computador usado entre janeiro de 2003 e 13 de fevereiro último pelo ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência Waldomiro Diniz em seu gabinete, no quarto andar do Palácio do Planalto, está lacrado e encostado há 19 dias em uma sala do prédio.
Além do computador, que ainda não foi periciado, toda a documentação manuseada, recebida ou enviada por Waldomiro nos quase 14 meses em que esteve à frente do cargo permanece no local, sem ter sido requisitada pela Polícia Federal. O governo tem afirmado que tomou, de forma "rápida e eficiente", todas as medidas para apurar o caso -sendo elas a exoneração, "a pedido", de Waldomiro, a abertura de inquérito policial e a instauração de uma comissão de sindicância.
Dois dias após o caso ter vindo à tona, policiais federais, cumprindo uma ordem judicial, entraram no apartamento de Waldomiro em Brasília e apreenderam computadores, disquetes, extratos bancários e contas de telefone.
Até ontem, porém, a PF não havia solicitado nada a respeito ao ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política e Assuntos Institucionais), que passou a ter ascendência sobre a subchefia após a reforma ministerial de janeiro. Ontem, a assessoria da PF não soube informar se, nas próximas semanas, haverá a coleta do material mantido no Planalto. A própria PF havia informado que investigaria os atos de Waldomiro no Planalto.
A comissão de sindicância instalada há duas semanas no Planalto para apurar o caso ainda não definiu se pedirá uma perícia no computador. A comissão, composta por três servidores do Poder Executivo, tem até 19 de março para entregar um relatório ao ministro Rebelo. O prazo dos trabalhos, porém, poderá ser prorrogado por mais 30 dias.
Os servidores estão analisando documentos encaminhados pela Subchefia de Assuntos Parlamentares, hoje comandada por Alon Feuerwerker, homem de confiança de Aldo.
A Folha apurou que, em meio à papelada, há muitos ofícios vindos do Congresso diretamente para Waldomiro, entre os quais pedidos de nomeações em cargos públicos e liberação de recursos dos ministérios. Lideranças partidárias têm dito que os pedidos de cargos eram feitos apenas ao assessor especial da Casa Civil, Marcelo Borges Sereno -de saída do governo, após o escândalo que envolveu Waldomiro. Desde anteontem, a comissão de sindicância está ouvindo funcionários da subchefia, que permanecem os mesmos da gestão Waldomiro.
A comissão de sindicância requisitou ao Palácio do Planalto a declaração de patrimônio de Waldomiro, entregue obrigatoriamente por todos os servidores ao ingressar na carreira pública. Ele foi nomeado pelo ministro José Dirceu em janeiro de 2003.
A intenção é verificar se o ex-subchefe cometeu alguma omissão na relação de bens.


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