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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Ligação com pré-candidato tucano teve influência decisiva em indicação; ministro do STF recusou convite
Reale Jr., suplente de Serra, vai para Justiça
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado Miguel Reale Júnior será o novo ministro da Justiça, em substituição ao deputado
Aloysio Nunes Ferreira, que deixa
o cargo hoje para disputar uma
vaga na Câmara.
Reale Júnior é o segundo suplente do senador José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência.
Com a indicação do advogado, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso fechou o grupo de ministros-chaves com os quais pretende encerrar o mandato.
Para o Ministério de Minas e
Energia, que era da cota pefelista,
o escolhido foi o engenheiro civil
Francisco Gomide. Apesar de ter
uma filiação antiga no PMDB, ele
mantém boas relações com o governador Jaime Lerner (PFL), que
apoiou sua indicação.
Reale Jr. preside a Comissão dos
Desaparecidos Políticos e teve
efetiva participação nos projetos
contra a violência que o governo
enviou ao Congresso. Sua participação nesses projetos contribuiu
para a indicação, mas teve peso
decisivo sua ligação com Serra. O
advogado chegou a ter dúvidas
sobre aceitar o convite.
Antes dele, FHC convidou o ministro Carlos Velloso, do STF (Supremo Tribunal Federal). A intenção era abrir um canal de interlocução com o Judiciário, um
dos pontos fracos do governo, e
ter uma vaga no tribunal para encaixar um aliado político. Velloso
chegou a aceitar o convite, mas
depois voltou atrás.
Para o Planalto, o episódio desgastou ainda mais suas relações
com o Judiciário. A lista de demandas do governo com o Judiciário inclui o estabelecimento de
um teto salarial nos três Poderes.
Cota pefelista
O anúncio dos novos ministros
foi feito oficialmente por Pedro
Parente (Casa Civil) ontem às
21h15. A Folha apurou que a demora foi causada pela indefinição
em relação às pastas de Minas e
Energia e Transportes.
Desde o início, FHC pensava em
dar a pasta de Minas e Energia para algum nome do PFL. Optou
por uma indicação de Lerner. O
presidente decidiu não fazer um
convite formal ao PFL, para não
"afrontar" o partido.
O Planalto está convencido de
que não terá o grosso da sigla no
primeiro turno, mas trabalha com
a idéia de uma distensão lenta e
gradual. O PFL do Paraná é favorável à manutenção da aliança.
FHC também não descarta a hipótese de, mais adiante, recorrer a
um dos ministérios que ficaram
com os atuais secretários-executivos para nomear alguém do PFL.
Até ontem à tarde, a expectativa
era que o atual secretário-executivo Luiz Gonzaga Perazzo assumisse Minas e Energia.
Perazzo não foi indicado por ser
filiado ao PFL e ligado ao senador
José Jorge (PFL-PE). Parente disse
que o vínculo foi o principal impedimento da indicação.
Já o peemedebista Ney Suassuna decidiu permanecer no Ministério da Integração Nacional. Ele
estava se oferecendo para compor
a chapa de Serra na posição de
candidato a vice.
Parceiro preferencial de Serra
na eleição, o PMDB também garantiu de volta o Ministério dos
Transportes, para o qual irá o deputado João Henrique (PI).
Ontem à noite, o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Raul
Jungmann conversou com FHC
no Palácio da Alvorada. Ele não
quis dar declarações.
Dos 23 ministros, 13 permanecerão. A posse conjunta será hoje
às 11h30 no Planalto.
(RAYMUNDO COSTA E KENNEDY ALENCAR)
Colaborou RENATA GIRALDI, da Sucursal de Brasília
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