São Paulo, quarta-feira, 03 de abril de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Ligação com pré-candidato tucano teve influência decisiva em indicação; ministro do STF recusou convite

Reale Jr., suplente de Serra, vai para Justiça

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado Miguel Reale Júnior será o novo ministro da Justiça, em substituição ao deputado Aloysio Nunes Ferreira, que deixa o cargo hoje para disputar uma vaga na Câmara.
Reale Júnior é o segundo suplente do senador José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência. Com a indicação do advogado, o presidente Fernando Henrique Cardoso fechou o grupo de ministros-chaves com os quais pretende encerrar o mandato.
Para o Ministério de Minas e Energia, que era da cota pefelista, o escolhido foi o engenheiro civil Francisco Gomide. Apesar de ter uma filiação antiga no PMDB, ele mantém boas relações com o governador Jaime Lerner (PFL), que apoiou sua indicação.
Reale Jr. preside a Comissão dos Desaparecidos Políticos e teve efetiva participação nos projetos contra a violência que o governo enviou ao Congresso. Sua participação nesses projetos contribuiu para a indicação, mas teve peso decisivo sua ligação com Serra. O advogado chegou a ter dúvidas sobre aceitar o convite.
Antes dele, FHC convidou o ministro Carlos Velloso, do STF (Supremo Tribunal Federal). A intenção era abrir um canal de interlocução com o Judiciário, um dos pontos fracos do governo, e ter uma vaga no tribunal para encaixar um aliado político. Velloso chegou a aceitar o convite, mas depois voltou atrás.
Para o Planalto, o episódio desgastou ainda mais suas relações com o Judiciário. A lista de demandas do governo com o Judiciário inclui o estabelecimento de um teto salarial nos três Poderes.

Cota pefelista
O anúncio dos novos ministros foi feito oficialmente por Pedro Parente (Casa Civil) ontem às 21h15. A Folha apurou que a demora foi causada pela indefinição em relação às pastas de Minas e Energia e Transportes.
Desde o início, FHC pensava em dar a pasta de Minas e Energia para algum nome do PFL. Optou por uma indicação de Lerner. O presidente decidiu não fazer um convite formal ao PFL, para não "afrontar" o partido.
O Planalto está convencido de que não terá o grosso da sigla no primeiro turno, mas trabalha com a idéia de uma distensão lenta e gradual. O PFL do Paraná é favorável à manutenção da aliança.
FHC também não descarta a hipótese de, mais adiante, recorrer a um dos ministérios que ficaram com os atuais secretários-executivos para nomear alguém do PFL. Até ontem à tarde, a expectativa era que o atual secretário-executivo Luiz Gonzaga Perazzo assumisse Minas e Energia.
Perazzo não foi indicado por ser filiado ao PFL e ligado ao senador José Jorge (PFL-PE). Parente disse que o vínculo foi o principal impedimento da indicação.
Já o peemedebista Ney Suassuna decidiu permanecer no Ministério da Integração Nacional. Ele estava se oferecendo para compor a chapa de Serra na posição de candidato a vice.
Parceiro preferencial de Serra na eleição, o PMDB também garantiu de volta o Ministério dos Transportes, para o qual irá o deputado João Henrique (PI).
Ontem à noite, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann conversou com FHC no Palácio da Alvorada. Ele não quis dar declarações.
Dos 23 ministros, 13 permanecerão. A posse conjunta será hoje às 11h30 no Planalto. (RAYMUNDO COSTA E KENNEDY ALENCAR)


Colaborou RENATA GIRALDI, da Sucursal de Brasília



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