|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AGENDA PETISTA
Proposta consta de documento sigiloso do projeto de reforma tributária enviado pelo ministro a Lula
Palocci estuda sobretaxar as importações
GUSTAVO PATÚ
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um documento sigiloso do projeto de reforma tributária do governo, obtido pela Folha, indica que a equipe econômica estuda
criar uma regra não incluída nas propostas divulgadas até o momento: o aumento da tributação sobre produtos importados.
Trata-se, segundo texto do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), de permitir, por meio de emenda constitucional, que as
contribuições cobradas para financiar a seguridade social -caso do PIS e da Cofins- incidam sobre a importação de bens e serviços, o que não ocorre hoje.
O objetivo, pela exposição de
motivos endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é
"criar condições jurídicas para a
instituição de mecanismos de
equalização da carga tributária
entre a produção nacional e a
oriunda do exterior".
Traduzindo: evitar que produtos importados, livres desses tributos, levem vantagem em relação aos nacionais, submetidos às
contribuições sociais.
A idéia não fez parte das exposições sobre a reforma tributária
feitas por Palocci a governadores,
prefeitos, deputados, senadores e
membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
(fórum de 82 representantes da
sociedade nomeados pelo governo para debater as reformas).
O tema tende a gerar polêmica
no momento de definir que importações serão taxadas ou não, o
que provavelmente será feito por
lei complementar. Diversos setores empresariais dependem de
matérias-primas ou máquinas
compradas no exterior.
O documento não esclarece como nem por que o governo pretende adotar a medida. Procurada, a assessoria da Fazenda não
deu uma resposta até o fechamento desta edição.
Na edição de ontem, a Folha revelou que o governo já tem prontas duas versões de seu projeto de reforma tributária, a ser enviado
ao Congresso ainda neste mês. Na
sua primeira etapa, a reforma se
concentrará em mudanças constitucionais.
Comércio exterior
Um dos princípios da proposta
é favorecer a balança comercial
brasileira, o que pode ajudar a explicar a idéia de elevar a taxação
sobre as importações.
O texto busca explicitar que as
exportações ficarão livres da taxação do ICMS -que, segundo
quer o governo, terá uma legislação única, em vez das 27 hoje existentes. Especialistas avaliam, porém, que isso só será conseguido
plenamente se o imposto for cobrado no destino, e não na origem
da mercadoria. Atualmente, se
uma empresa exporta um produto que leva matéria-prima comprada em outro Estado, tem direito a receber de volta o ICMS pago,
mecanismo que deveria garantir a
isenção das vendas ao exterior.
No entanto, os empresários alegam que têm grande dificuldade
em receber os créditos de ICMS.
Uma das versões do projeto de
reforma chega a prever a cobrança do ICMS no destino da mercadoria; o governo, porém, tende a
deixar a questão para a legislação
complementar, devido às resistências de Estados produtores,
como São Paulo.
Os documentos do governo incluem mais duas novidades em
relação aos pontos já anunciados
pela Fazenda: mudanças nas regras do pedágio, para incluir as
rodovias administradas pela iniciativa privada, e a isenção do IPI
para lubrificantes e combustíveis
gasosos derivados de petróleo.
Texto Anterior: Janio de Freitas: Crimes impunes Próximo Texto: SP resiste a fundo de compensação Índice
|