|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIREITOS HUMANOS
Decisão foi saída para pressão sofrida por FHC
General acusado de ajudar tortura pede afastamento
da Sucursal de Brasília
O general Ricardo Agnese Fayad, 57, subdiretor de Saúde do
Exército, pediu afastamento por
seis meses das funções militares.
Na prática, significa que ele será
exonerado do cargo.
Desde o início de março, o presidente Fernando Henrique Cardoso vinha sendo pressionado por
diversos segmentos da sociedade
civil para afastar Fayad do cargo.
O presidente disse que não tomaria qualquer decisão, mas pressionou de diversas formas para que o
Exército e o próprio Fayad buscassem um desfecho que terminasse
com o afastamento do general.
Fayad é acusado por grupos de
defesa dos direitos humanos de ter
sido conivente com sessões de tortura durante o regime militar
(64-85). Ele serviu como médico
no quartel da rua Barão de Mesquita, na Tijuca (zona norte do
Rio), e, segundo as denúncias, sua
tarefa era verificar as condições
dos presos para suportar torturas.
Saída negociada
Duas semanas atrás, o Alto-Comando do Exército discutiu a exoneração de Fayad, exigida pelo
Planalto. O ministro do Exército,
general Zenildo Lucena, tratou do
assunto com outros oficiais-generais ao longo desse tempo.
O chefe da Casa Militar da Presidência, general Alberto Cardoso,
se envolveu no assunto a pedido
de FHC. Chegou a ir ao Rio para
conversar com alguns oficiais-generais. Ele também se reuniu com
o Alto-Comando, que não queria
que a saída de Fayad ficasse caracterizada como uma derrota do
Exército frente a entidades de direitos humanos.
A saída encontrada por Fayad foi
a de pedir licença especial por seis
meses, um direito concedido a todos os militares. Com isso, ele
continuará recebendo o soldo básico -no caso dele, de general-de-brigada (duas estrelas),
equivalente a aproximadamente
R$ 3.800-, mas ficará afastado
das obrigações militares.
A carta com o pedido foi entregue por Fayad ao ministro do
Exército na residência dele, na
noite de anteontem (leia texto ao
lado). Em seis meses, Fayad terá
de optar entre retornar ao Exército ou pedir sua passagem para a
reserva. Se não voltar, será considerado desertor. Se voltar, deve
assumir função burocrática.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|