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Engenhos são
o novo alvo
do enviado especial
Sem resistência por parte dos
proprietários, a invasão do Engenho Bananeira, anteontem em
Pernambuco, consolidou a ofensiva do MST sobre as terras da indústria canavieira pernambucana,
que vive uma forte crise.
Segundo o secretário de Planejamento de Pernambuco, João Recena, 30 mil postos de trabalho,
um quinto do total, foram cortados desde 95 no setor canavieiro
do Estado.
'"A nossa avaliação é de que se
trata da maior crise do setor na
história recente. Há dez anos, Pernambuco tinha 40 usinas produzindo e a perspectiva é de que na
próxima safra (setembro a fevereiro) no máximo 15 vão estar funcionando", afirmou Recena.
Antônio dos Santos da Silva, 23,
Cícero Aprígio, 39, e Linaldo José
de Oliveira, 26, que participaram
ontem da invasão do Engenho Bananeira, são personagens dessa
crise. Silva era cortador de cana,
Aprígio, operador de carregadeiras, e Oliveira trabalhava no ensacamento de açúcar. Eles dizem
não ter conseguido trabalho na última safra que acabou em fevereiro.
"Sem trabalho, não estava dando mais para pagar o aluguel. Aqui
não vou pagar nem aluguel, nem
luz, nem água e vou ter o meu pedaço de terra", disse Silva. Ele afirmou que estava pagando R$ 40
reais mensais por um quarto na cidade de Água Preta (PE).
Das invasões de terra feitas pelo
MST nos últimos dias, 15 atingiram engenhos, como são chamadas contemporaneamente as fazendas que fornecem cana para as
usinas de açúcar.
Segundo Gerson Carneiro Leão,
presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana do Estado, que
representa os fornecedores das
usinas, o governo federal é responsável pelo aumento do número de invasões de terras na zona
canavieira.
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