São Paulo, sexta, 3 de abril de 1998

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Engenhos são o novo alvo

do enviado especial

Sem resistência por parte dos proprietários, a invasão do Engenho Bananeira, anteontem em Pernambuco, consolidou a ofensiva do MST sobre as terras da indústria canavieira pernambucana, que vive uma forte crise.
Segundo o secretário de Planejamento de Pernambuco, João Recena, 30 mil postos de trabalho, um quinto do total, foram cortados desde 95 no setor canavieiro do Estado.
'"A nossa avaliação é de que se trata da maior crise do setor na história recente. Há dez anos, Pernambuco tinha 40 usinas produzindo e a perspectiva é de que na próxima safra (setembro a fevereiro) no máximo 15 vão estar funcionando", afirmou Recena.
Antônio dos Santos da Silva, 23, Cícero Aprígio, 39, e Linaldo José de Oliveira, 26, que participaram ontem da invasão do Engenho Bananeira, são personagens dessa crise. Silva era cortador de cana, Aprígio, operador de carregadeiras, e Oliveira trabalhava no ensacamento de açúcar. Eles dizem não ter conseguido trabalho na última safra que acabou em fevereiro.
"Sem trabalho, não estava dando mais para pagar o aluguel. Aqui não vou pagar nem aluguel, nem luz, nem água e vou ter o meu pedaço de terra", disse Silva. Ele afirmou que estava pagando R$ 40 reais mensais por um quarto na cidade de Água Preta (PE).
Das invasões de terra feitas pelo MST nos últimos dias, 15 atingiram engenhos, como são chamadas contemporaneamente as fazendas que fornecem cana para as usinas de açúcar.
Segundo Gerson Carneiro Leão, presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana do Estado, que representa os fornecedores das usinas, o governo federal é responsável pelo aumento do número de invasões de terras na zona canavieira.



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