São Paulo, sexta, 3 de abril de 1998

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SP troca dívidas por papel de privatização

CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local

O governo de São Paulo trocou ontem R$ 1,5 bilhão de dívidas por títulos que poderão ser usados como parte do pagamento na privatização de empresas do Estado.
A troca ocorreu no primeiro leilão de debêntures (títulos de crédito) da CPA (Companhia Paulista de Ativos), empresa criada com o objetivo de reduzir a dívida do Estado.
Participaram do leilão 174 credores, que tinham cerca de 800 contratos de fornecimento de bens ou serviços. A maioria dos interessados era de empreiteiras que realizaram obras e não receberam o pagamento.
O maior credor presente no leilão era a Camargo Corrêa, que tinha a receber pouco mais de R$ 200 milhões. Em seguida vinha a CBPO, do grupo Odebrecht, com cerca de R$ 160 milhões.
As empresas trocaram os seus créditos por debêntures, que poderão ser usadas no pagamento de até 30% do preço de venda das estatais paulistas.
A primeira oportunidade de utilização dos papéis ocorrerá no leilão de privatização da Eletropaulo, marcado para 15 de abril.
As duas empresas que ficaram com a área de distribuição de energia da estatal (Metropolitana e Bandeirante) estão avaliadas em R$ 3,042 bilhões. Se elas forem vendidas pelo preço mínimo, R$ 912,6 milhões poderão ser pagos com debêntures da CPA.
"Esse é um momento histórico. Pela primeira vez se conseguiu equacionar o problema da dívida sem enviar para o setor "micos' ou moedas podres", disse Paulo Roberto de Godoy Pereira, presidente da Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas), que reúne as empreiteiras.
O governador Mário Covas (PSDB) acompanhou o final do leilão na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e considerou o resultado "satisfatório". "É um peso que conseguimos tirar das finanças do Estado", afirmou.
O leilão foi dividido em três fases. Da primeira, destinado a credores de estatais que serão privatizadas, só participou a Bardella Indústria Mecânica, que trocou todo o seu crédito de R$ 38 milhões.
A segunda etapa era para detentores de contratos de fornecimento de bens ou serviços ao governo estadual. A última era aberta ao público, mas só credores do Estado participaram.



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