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AGENDA NEGATIVA
Grevistas da PF ameaçam com radicalização do movimento
Governo enfrenta semana de protestos de servidores
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de passar o 1º de Maio
sob o impacto negativo do aumento real de 1,2% do salário mínimo e sem conseguir anunciar
um prometido pacote de medidas
de geração de emprego, o governo vai enfrentar nos próximos
dias um aperto das manifestações
dos servidores públicos que pedem reajuste de salários e mudanças nos planos de carreira.
O mês também pode marcar o
que será a greve mais longa já enfrentada pela gestão Lula, a da Polícia Federal.
Com os grevistas da PF, o governo diz que encerrou as negociações com os agentes, papiloscopista e escrivães e que não volta à
mesa de negociações. Por outro
lado, os grevistas fazem hoje uma
reunião em Brasília com os presidentes de sindicatos e dizem que a
paralisação continua, mesmo
com a ameaça de corte dos dias.
Na última semana, em assembléias estaduais, os manifestantes
aprovaram por unanimidade a
"radicalização do movimento".
Ainda é incerto o que o termo significa. Alguns representantes afirmam que irão inviabilizar totalmente as atividades da polícia,
podendo invadir prédios e até depredar carros.
O Ministério da Justiça afirma
que aguarda os grevistas voltarem
ao trabalho, respeitando as decisões dos Tribunais Federais da 1ª
Região, que abrange 14 Estados, e
da 3ª Região (SP e MS). O órgão
ofereceu aos grevistas um aumento de 17% e a proposta de discussão de um projeto de lei para reformular a carreira.
O plano foi retirado da mesa de
negociações, e o diálogo foi encerrado no último dia 14. Por meio
de uma portaria, no dia 23 de
abril, criou-se uma comissão para
elaborar o anteprojeto da lei orgânica da PF, que irá avaliar e sugerir mudanças para a carreira.
A greve se arrasta por 55 dias e,
se chegar ao dia 20, será a paralisação mais longa já enfrentada
pelo governo Lula, superando a
dos médicos-peritos do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social), que durou 71 dias, de dezembro de 2003 a fevereiro.
A categoria afirma que o governo não respeita uma lei de 1996,
pois recebem salários de nível médio e deveriam ter vencimentos
de nível superior. O aumento de
85% custaria R$ 600 milhões. Dos
7.000 funcionários, 90% estão parados, segundo os grevistas, e
70%, diz a Polícia Federal.
O governo adiou da última sexta-feira para amanhã a entrega da
proposta para o fim da greve da
categoria da AGU (Advocacia Geral da União) -procuradores federais e do Banco Central e os advogados e defensores públicos da
União. O plano deve ser similar ao
dado aos procuradores da Fazenda, que já encerraram a greve.
A oferta é uma gratificação de
30%, relativa ao desempenho. O
comando de greve já sinalizou
que a proposta pode encerrar a
greve da categoria. Dos 4.482 servidores, 75% estão em greve, diz o
movimento. O governo não divulgou um balanço da adesão.
Outra proposta que será analisada amanhã é a que foi entregue
na quinta-feira aos servidores do
INSS. Eles discutem com o governo sobre o termo de adesão que
têm de assinar para receber um
aumento de 47,11% e sobre mudanças no plano de carreira.
As demais categorias de servidores, que receberam uma proposta conjunta do governo, afirmam que não há entendimento.
A maior parte das paralisações
deve ocorrer no dia 10 (veja quadro nesta página). Apenas os funcionários da educação parecem
perto de um acordo.
Os servidores, que chegam a 800
mil pessoas de diversas categorias, pedem um "reajuste emergencial" de 50,19%. O governo
ofereceu aumentos de 9,5% a
29,38% para os aposentados e de
12,85% a 32,27% para o pessoal da
ativa.
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