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Desgaste do governo com denúncias e renúncias enfraquece Serra como candidato natural da base aliada
Crise "apaga" opção da tríplice aliança
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois meses depois de comemorar a quase viabilização do nome
de José Serra (PSDB) como candidato a presidente em 2002, os três
principais partidos que sustentam o governo Fernando Henrique Cardoso estão agora sem opção definida para a sucessão.
PSDB, PMDB e PFL estavam se
acostumando com a condição de
José Serra como candidato natural depois da pesquisa Datafolha
de 21 de março passado, na qual o
ministro da Saúde tinha 10% das
preferências. Bastaria que Serra
batesse em 14% ou 15% em janeiro de 2002 para se consolidar como o candidato governista.
Mas de março para cá, o governo foi abalado pela crise do painel
eletrônico do Senado (que resultou nas renúncias de dois senadores), pela operação abafa contra a
CPI da corrupção e, mais importante, pelo risco de apagão que
atingirá todos os eleitores.
Aparentemente, Serra interrompeu sua trajetória ascendente,
segundo pesquisas do governo e
um levantamento do Instituto
Sensus, encomendado pela CNT
(Confederação Nacional do
Transporte). Realizada entre 18 e
24 de maio, essa pesquisa traz o
tucano com, no máximo, 9,9%.
Para piorar o quadro, dentro do
PSDB começam a surgir vozes
discordantes mais fortes contra o
nome natural de Serra. O próprio
FHC, em conversa com o presidente do Senado, Jader Barbalho
(PMDB), disse contar, entre os tucanos, com três nomes para sucedê-lo: José Serra e os governadores Tasso Jereissati (Ceará) e Geraldo Alckmin (São Paulo).
A inclusão de Alckmin foi uma
surpresa para Jader. Até há duas
semanas, só uma ala do PFL
anunciava o desejo de inflar o nome do tucano paulista, para combater a candidatura Serra. Agora,
o próprio FHC cita o governador
na lista de presidenciáveis.
No PMDB, a atual cúpula comandada por Jader tem dúvida se
o partido terá forças para frear o
avanço da candidatura presidencial de Itamar Franco, governador
de Minas Gerais. Se ele for o candidato, fracassa a tentativa de reedição da aliança que elegeu FHC,
uma vez que o PSDB jamais
apoiará o governador mineiro.
Carlistas
No PFL, a situação é ainda menos cômoda. Os peemedebistas,
em hipótese extremada, acabarão
apoiando Itamar Franco e terão
um candidato competitivo. Os
pefelistas não têm a quem apoiar
dentro do partido.
O nome de maior projeção nacional do PFL ainda é Antonio
Carlos Magalhães, ex-senador
que renunciou ao cargo na última
quarta-feira. Mas nem ele quer
sair da Bahia nem o PFL o lançaria, prevendo fortes resistências
nas regiões Sul e Sudeste.
Nos últimos dias, o presidente
nacional do PFL, Jorge Bornhausen, trabalha para atrair o prefeito
do Rio, César Maia, para a sigla.
Maia ainda está no PTB, mas sua
saída é dada como certa antes de
30 de setembro, prazo final para
filiações válidas para a eleição.
Dentro do Palácio do Planalto, a
última idéia sobre a sucessão é
que talvez seja necessário fazer alguns arranjos no ministério para
reforçar, no PMDB e no PFL, os
grupos favoráveis à manutenção
da aliança. É ao longo desta semana que FHC deve tomar a decisão.
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