FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

No feriado que marca a expulsão definitiva das tropas portuguesas de Salvador (BA), Luiz Inácio Lula da Silva desfilou ontem por um Pelourinho repleto de faixas e cartazes em homenagem ao ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL).
Ao som de tambores e cercado por baianas estilizadas, Lula acenou a dezenas de simpatizantes do pefelista, recebendo de volta gestos de apoio durante os quatro quilômetros de caminhada sob sol forte, pelo centro histórico.
"Em poucos lugares do Brasil eu sou tão bem tratado como na Bahia", declarou Lula.
O 2 de Julho é uma espécie de Carnaval cívico na Bahia, lembrando a saída dos portugueses que ali resistiram até 1823, quase um ano depois da declaração de independência do Brasil.
O PT nacional tem tido o cuidado de não molestar ACM, novamente candidato ao Senado, consciente de que muitos eleitores dele também votam em Lula. Em um hipotético segundo turno, o ex-senador, que declarou apoio a Ciro Gomes (PPS), poderá ser um arma poderosa contra José Serra (PSDB), a quem rejeita. Ontem, o presidenciável não quis recusar um eventual apoio.
"Em algum momento da vida do ser humano a sensatez prevalece", disse o petista, sobre possível voto nele de ACM.
Vermelho e suando muito, Lula, ao lado de sua mulher, Marisa, estava acompanhado de inimigos históricos do carlismo, como os candidatos do PT ao governo, Jacques Wagner, e ao Senado, Waldir Pires. O presidenciável petista vestia uma camisa com referência ao pentacampeonato, dizendo: "Brasil Penta. Esse é o ano do povo".
O bloco lulista somava 200 pessoas, separadas por um cordão policial do mar de simpatizantes de ACM. O presidenciável e o ex-senador não se cruzaram.
Um dos que acenaram para o petista foi o motorista Raimundo Santos, que vestia camiseta do PFL. "Lula e ACM são brigadores. Gosto dos dois", disse.
Ao final da caminhada, o petista subiu em uma sacada e discursou, tendo a cautela de dizer que o ato não era um comício, permitido a partir de sábado.


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