DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A empresa não-identificada que encomendou pesquisa de intenção de voto ao Ibope e pretendia divulgar os resultados anteontem não deve tornar público o panorama indicado pela sondagem.
A decisão de não divulgar os dados levou a especulações no mercado financeiro nesta semana e teria contribuído à alta do dólar. Rumores indicavam que a sondagem do Ibope demonstraria empate técnico entre os candidatos José Serra (PSDB-PMDB) e Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT).
Na visão do mercado, Ciro estaria associado a mudanças no cenário econômico. A dificuldade de Serra em se destacar no segundo lugar da corrida eleitoral causaria apreensão no mercado.
A corretora Ágora Senior encomendou, em nome de um cliente, pesquisa do cenário eleitoral ao Ibope, devidamente registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Entretanto, o cliente, que não quis se identificar, decidiu não divulgar o resultado, afirmando que os dados estariam "defasados".
Os motivos apontados seriam a vitória do Brasil na Copa do Mundo, a Convenção Nacional do PT, no último final de semana, e o programa de TV de Ciro.
O registro no TSE não torna a divulgação da pesquisa obrigatória, segundo um ministro do TSE.
Consta no registro que a pesquisa, encomendada pela corretora Ágora Senior CTVM ao Ibope, custou R$ 119 mil e foi realizada entre 21 e 26 de junho, envolvendo 3.500 entrevistados em dez Estados (SP, RJ, MG, RS, SC, PR, BA, CE, PE e GO). Consta que ela foi registrada em 25 de junho, um dia antes de ser concluída.
A legislação eleitoral exige que, para serem divulgadas, as pesquisas sejam registradas com ao menos cinco dias de antecedência. Os institutos precisam informar quem contratou a pesquisa, quanto custou, a origem do dinheiro, a metodologia, o período da sondagem, entre outros dados.
O objetivo é permitir que partidos e candidatos possam conhecer previamente os dados para eventualmente contestar a credibilidade do resultado apontado.