São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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NO AR

O melhor país do mundo

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

- O Brasil sempre foi e sempre será o melhor país do mundo.
Era o lateral Roberto Carlos, em meio à "festa no palácio", na expressão do Jornal Nacional, em manchete.
As 300 mil ou 500 mil pessoas que receberam os jogadores, correndo atrás do trio elétrico da Ambev ou dançando diante do parlatório, fizeram o que FHC chamou de maior festa de seu mandato.
Outros descreveram como a maior festa da história de Brasília. No dizer do treinador Luiz Felipe Scolari:
- Uma festa maravilhosa, fantástica.
Acrescentou o presidente da República:
- Estou igual ao Brasil. Só alegria.
Se o preço a pagar pela alegria é a conclusão de que o Brasil é o melhor país do mundo, não há problema -ao menos para a televisão, que concedeu anistia temporária.
Até Boris Casoy, diante das imagens da festa, saiu em defesa da felicidade geral, inclusive dos políticos:
- Muita gente teme o uso político. Vale lembrar que depois da derrota na França o presidente Fernando Henrique recebeu a seleção.
E mais, "até no Primeiro Mundo", segundo o âncora do Jornal da Record, é tradição o chefe de governo receber a seleção nacional.
Talvez deva ser assim. Mas, diante de um FHC que chega a tirar a taça das mãos de Cafu para beijar, é impossível negar o uso eleitoral.
 
Das centenas de milhares de brasilienses, pouco mais de mil tiveram acesso ao palácio -dentre eles a vice de José Serra, Rita Camata.
Longe do palácio e da felicidade geral, Lula fez na Bahia um discurso de rua meio angustiado, preocupado em ser punido pela Justiça pelo ato, proibido por lei.
E ele ainda se mostrou agradecido à mesma Justiça, que livrou de investigação o presidente do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu.
Para os amigos, "só alegria". Para os outros, a angústia com a Justiça.
 
FHC buscou se justificar em seu programa de rádio, Palavra do Presidente:
- Eu recebo a seleção, aqui no palácio, como presidente. Mas eu recebo como cidadão, como brasileiro e em nome de todos os brasileiros.
Da Bahia, Lula não deve ter concordado.
Fim da Palavra de FHC:
- Somos campeões e vamos continuar sendo campeões.



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