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RETÓRICA
Presidente compara auto-estima dos brasileiros à luta dos vietnamitas
Lula diz que crescimento começou e "não terá volta"
FÁBIO GUIBU
DA AGENCIA FOLHA, EM CANAÃ DOS CARAJÁS
Mais de um ano depois de
anunciar para julho de 2003 o início do "espetáculo do crescimento", o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou ontem, após 18
meses de governo, que o país "entrou em uma rota de crescimento
econômico que não terá volta".
"Fizemos todos os sacrifícios
que tínhamos que fazer", disse
ele, durante solenidade de inauguração do maior complexo de
extração e beneficiamento de cobre do país, em Canaã dos Carajás
(PA), da Companhia Vale do Rio
Doce. "Vocês acompanharam o
que nós passamos. Completamos
18 meses de governo, não reclamamos, não choramos, não lamentamos, porque não queríamos ficar apenas diagnosticando
o que não tinha sido feito", disse.
Lula afirmou que seu governo
preparou o Brasil "com muito sacrifício" para este momento e elogiou a auto-estima do brasileiro,
comparando-a com a reação dos
vietnamitas durante a guerra contra os EUA. "Todo mundo tinha
em conta que era chegar lá, os
americanos darem um tiro e correr para o abraço", afirmou. "Passado algum tempo, eles descobriram que (...) estavam enfrentando
um povo que, acima de tudo, (...)
tinha um canhão em cada gesto,
em cada atitude. O final da história todo mundo sabe, e isso é um
pouco do que eu vejo aqui."
A Guerra do Vietnã opôs o Vietnã do Norte (comunista) ao Vietnã do Sul, Estado organizado pela
França e apoiado pelos EUA. Os
primeiros 35 militares dos EUA
chegaram ao Vietnã em 1951 para
ajudar a França, cujas forças são
derrotadas em 1954. O país é formalmente dividido em dois. Em
1960, os comunistas criam uma
frente (Vietcong) para derrubar o
regime do sul, levando os EUA a
ampliar sua presença militar. Os
americanos chegaram a manter
540.000 soldados no país, mas não
tiveram êxito. Deixaram o Vietnã
do Sul em 1973, que caiu em 1975.
O presidente recebeu de um representante dos empregados da
Vale uma camiseta com a inscrição: "Este é o meu primeiro emprego". Lula disse: "Vocês vão ver
como vai ser bom receber o primeiro salário. Vão ver também
que não vai dar para pagar todas
as dívidas que vocês contraíram
por conta do primeiro emprego".
O presidente e sua comitiva, integrada entre outros pelos ministros José Dirceu (Casa Civil) e Dilma Rousseff (Minas e Energia),
chegaram a Canaã dos Carajás às
10h40, de helicóptero. Não viram
as manifestações de sem-terra e
produtores rurais na rodovia de
acesso à cidade. Os dois grupos,
em pontos distintos, estenderam
faixas dirigidas a Lula. Os lavradores pediam reforma agrária, e
os produtores elogiavam a Vale.
Lula passeou em um caminhão
com capacidade para transportar
240 toneladas de minérios, dirigido por uma mulher, Maurinei
Rocha, 23. Depois, acionou o sistema de esteiras que transporta o
minério de cobre da mina à usina.
Na solenidade, Lula também
homenageou a candidata do PDT
à Prefeitura de São João do Araguaia (PA), Teresa Cristina Batista Carneiro, que morreu ontem
em um acidente de carro quando
viajava para participar do evento.
Os jornalistas FÁBIO GUIBU e ALAN
MARQUES viajaram de avião a convite
da Vale o trecho Brasília-Canaã dos Carajás-Brasília
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