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CAMPANHA
Controladoria da União diz que o mesmo trabalhador foi usado para justificar o pagamento de 32 cursos
Governo vê desvio em central de Paulinho
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um só trabalhador, com o mesmo CPF, foi usado pela Força Sindical, à sua revelia, para justificar
o pagamento de 32 cursos de qualificação profissional no ano passado, em diferentes Estados do
país e sobretudo em cidades do
interior de São Paulo. Mas só fez
efetivamente um curso.
A Força Sindical é presidida por
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,
que está licenciado do cargo para
concorrer à Vice-Presidência da
República na chapa do candidato
Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB).
Isso significa que a candidatura
Ciro vai continuar sob tiroteio,
mesmo depois da saída do presidente do PTB, José Carlos Martinez, da coordenação da campanha por não responder satisfatoriamente a denúncias sobre empréstimos que recebera de Paulo
César Farias, o tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello. Sai Martinez, entra Paulinho
na alça de mira.
O trabalhador que teria feito os
cursos indevidamente pagos com
recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) foi identificado e localizado pela Controladoria Geral da União, em inspeção entre 17 e 21 de junho deste
ano. Informou, oficialmente, que
mora na capital de São Paulo e fez
apenas um curso em São Paulo
mesmo: o de cozinheiro.
Na relação feita pela Força Sindical para o Ministério do Trabalho com objetivo de justificar e receber os recursos, ele teria feito
seis cursos em Itajaí (SC), dois no
Recife (PE), um no Rio e o resto
em São Paulo: sete na capital, cinco em Jaboticabal, quatro em Marília, três em Mogi-Guaçu, dois
em São João da Boa Vista, um em
Santo André e um em Lorena.
Essa é apenas uma de várias irregularidades apuradas e que
confirmam a suspeita de desvio
de parte dos recursos que saíam
do FAT para a Força Sindical sob
pretexto de realização de cursos
de qualificação profissional.
O FAT é um fundo vinculado ao
Ministério do Trabalho e Emprego para bancar os programas de
seguro-desemprego e abono salarial e para financiar programas de
desenvolvimento econômico.
Seus recursos vêm principalmente das contribuições do PIS
(Programa de Integração Social) e
do Pasep (Programa de Formação
do Patrimônio do Servidor Público). Ele é administrado pelo Codefat (Conselho Deliberativo do
Fundo de Amparo ao Trabalhador), um órgão formado por representantes dos trabalhadores,
dos empregadores e do governo.
A denúncias contra a central
constam de um relatório de cerca
de 30 páginas da Controladoria
Geral da União sobre irregularidades em convênios entre o Ministério do Trabalho e a Força
Sindical -que tem 15 dias, a partir de 30 de julho, para responder
às acusações.
O valor do convênio entre o Ministério do Trabalho e a Força
Sindical foi de R$ 38 milhões para
cerca de 245 mil vagas de treinamento de trabalhadores.
A inspetoria foi determinada
pela controladora-geral da União,
Anadyr de Mendonça Rodrigues,
a partir de nota publicada na coluna Mônica Bergamo, da Folha, e
vem se somar a uma série de investigações sobre o mesmo FAT
em 18 Estados, envolvendo políticos de diferentes partidos.
A Controladoria foi criada por
FHC, a quem é subordinada. Daí
porque Ciro acusa o governo de
usar sua estrutura a serviço da
candidatura oficial do tucano José
Serra e contra as candidaturas adversárias. Anadyr nega.
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