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Passagem por estatal complica Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A rápida passagem do deputado José Dirceu (PT-SP) pelo conselho administrativo da Petrobras, entre janeiro e fevereiro de
2003, logo após ele assumir a Casa
Civil, será um elemento a mais no
processo de cassação de seu mandato, que tramita no Conselho de
Ética da Câmara.
Dirceu é acusado de ser o mentor do suposto "mensalão" pago a
deputados e denunciado por Roberto Jefferson (PTB-RJ). Alega
não haver provas e contesta a possibilidade de ser julgado pelo
Conselho de Ética sob o argumento de que não exercia o mandato
de deputado quando os casos citados ocorreram.
O relator do processo, deputado
Júlio Delgado (PSB-MG), disse
ontem que o fato de Dirceu ter recebido pelo conselho administrativo da estatal, quando à época já
tinha salário de deputado, infringe a Constituição.
Isso porque no artigo 54 é vedado a deputados e senadores, desde a diplomação, aceitar ou exercer cargo ou emprego remunerado em empresas públicas, sociedades de economia mista, concessionária de serviço público, entre
outras. A pena é a perda do mandato de parlamentar.
A passagem de Dirceu pelo conselho foi detectada a partir da análise dos documentos bancários
que estão na CPI dos Correios.
Neles estão dois depósitos feitos
pela estatal -um de R$ 2.359,24,
em 28 de janeiro de 2003, e outro
de R$ 2.318,88, em 7 de fevereiro
do mesmo ano- na conta pessoal de Dirceu.
"Além de o fato indicar que a
Constituição pode ter sido infringida, confirma a tese de que o
Conselho de Ética tem competência para julgá-lo. Ele recebeu como conselheiro quando já tinha
prerrogativas de parlamentar",
disse Delgado.
Outro lado
A assessoria de Dirceu informou ontem que, à época, o então
ministro chegou a consultar informalmente a Mesa Diretora da
Câmara, que considerou regular a
permanência dele como conselheiro. Resultado semelhante, segundo a assessoria, foi obtido na
subchefia de Assuntos Jurídicos
da Casa Civil.
A assessoria também diz que
não houve relação entre o fato de
Dirceu ter salário de deputado e
ter deixado a participação no conselho da estatal.
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