São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2000

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JANIO DE FREITAS

Um sopro de mudança

O movimento do eleitorado em geral, como indicador das tendências atuais para a eleição de 2002, ainda está por ser fechado e suas sugestões eleitorais são muito suscetíveis a fatos vindouros. Mas uma indicação já está clara e não é frágil: agora começam a soprar, mesmo, as sempre pressentidas e jamais confirmadas mensagens no sentido de mudanças mais extensas e mais profundas no modo brasileiro de governar e na vida política.
Os números das capitais já são indicativos. Entre vitória no primeiro turno e disputas pelo segundo, o PT se consagrou em nove capitais, o PSB e o PDT em três cada, o PPS em duas e o PC do B em uma. Nas cidades maiores, entre decisão imediata e presença no segundo turno, aqueles mesmos partidos obtiveram 40 êxitos, dos quais 20 são do PT.
Se considerarmos que nas capitais e nas cidades maiores a opinião pública recebe a influência da mídia contra aqueles partidos, ao privilegiar as posições dos conservadores, identificados com o governo federal, pode-se deduzir que o crescimento do apoio aos partidos e políticos informados corresponde à propagação de impulsos sólidos e autênticos, por mudanças mais verdadeiras.

Boa notícia
À parte os resultados, uma evidência muito positiva emergiu das eleições cariocas e fluminenses. O TRE do Estado do Rio passou por longo período de desmoralização. Esteve envolvido em fraudes eleitorais, necessidade de repetir eleição, tardança de anos para definir quem foram de fato os eleitos e, claro, corrupção administrativa com obras e outros meios.
O TRE fez agora a demonstração de que passou por uma faxina daquelas. Até que enfim, eleição organizada e segura. A demora para justificação deveu-se à impossibilidade de prever o número dos que não poderiam votar no Rio, desta vez em total muito crescido.
Era difícil admitir que o TRE-RJ ainda tivesse jeito. E agora é difícil não temer que o discutível Judiciário fluminense o deixe retroagir.

Todos iguais
Estão dando importância demais à derrota de Patrícia Gomes em Fortaleza. Ciro Gomes e Tasso Jereissati são hoje, na política nacional, os mesmos que eram no mês passado. Duas incógnitas, duas potencialidades eleitorais, duas preocupações para o PSDB, o PFL, o PMDB e para Fernando Henrique Cardoso.
A interferência pesada da Presidência da República na eleição em Fortaleza, para prejudicar Patrícia Gomes, é o ato mais indecente de que se tem conhecimento em toda a disputa eleitoral no país.



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