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JANIO DE FREITAS
Um sopro de mudança
O movimento do eleitorado
em geral, como indicador das
tendências atuais para a eleição
de 2002, ainda está por ser fechado e suas sugestões eleitorais são
muito suscetíveis a fatos vindouros. Mas uma indicação já está
clara e não é frágil: agora começam a soprar, mesmo, as sempre
pressentidas e jamais confirmadas
mensagens no sentido de mudanças mais extensas e mais profundas no modo brasileiro de governar e na vida política.
Os números das capitais já são
indicativos. Entre vitória no primeiro turno e disputas pelo segundo, o PT se consagrou em nove capitais, o PSB e o PDT em três cada,
o PPS em duas e o PC do B em
uma. Nas cidades maiores, entre
decisão imediata e presença no segundo turno, aqueles mesmos
partidos obtiveram 40 êxitos, dos
quais 20 são do PT.
Se considerarmos que nas capitais e nas cidades maiores a opinião pública recebe a influência
da mídia contra aqueles partidos,
ao privilegiar as posições dos conservadores, identificados com o
governo federal, pode-se deduzir
que o crescimento do apoio aos
partidos e políticos informados
corresponde à propagação de impulsos sólidos e autênticos, por
mudanças mais verdadeiras.
Boa notícia
À parte os resultados, uma evidência muito positiva emergiu
das eleições cariocas e fluminenses. O TRE do Estado do Rio passou por longo período de desmoralização. Esteve envolvido em
fraudes eleitorais, necessidade de
repetir eleição, tardança de anos
para definir quem foram de fato
os eleitos e, claro, corrupção administrativa com obras e outros
meios.
O TRE fez agora a demonstração de que passou por uma faxina
daquelas. Até que enfim, eleição
organizada e segura. A demora
para justificação deveu-se à impossibilidade de prever o número
dos que não poderiam votar no
Rio, desta vez em total muito crescido.
Era difícil admitir que o TRE-RJ
ainda tivesse jeito. E agora é difícil
não temer que o discutível Judiciário fluminense o deixe retroagir.
Todos iguais
Estão dando importância demais à derrota de Patrícia Gomes
em Fortaleza. Ciro Gomes e Tasso
Jereissati são hoje, na política nacional, os mesmos que eram no
mês passado. Duas incógnitas,
duas potencialidades eleitorais,
duas preocupações para o PSDB, o
PFL, o PMDB e para Fernando
Henrique Cardoso.
A interferência pesada da Presidência da República na eleição
em Fortaleza, para prejudicar Patrícia Gomes, é o ato mais indecente de que se tem conhecimento
em toda a disputa eleitoral no
país.
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