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SÃO PAULO
Alckmin vai defender apoio à petista no segundo turno, mas decisão partidária
só sai na quinta; PT também negocia com PSB, PPS e PDT e quer Erundina no programa de TV
Tucanos devem declarar apoio a Marta
DA REPORTAGEM LOCAL
A tendência do PSDB em São
Paulo é declarar apoio à candidatura de Marta Suplicy (PT) no segundo turno. O diretório municipal tucano deverá definir posição
até quinta-feira. A única certeza
dos tucanos é que não apoiarão o
candidato Paulo Maluf (PPB).
"Apoiar Maluf seria impossível.
Quanto ao apoio à outra candidata (Marta), as decisões serão tomadas sob o aspecto político, e
não eleitoral", disse o candidato
derrotado Geraldo Alckmin
(PSDB), que reassume às 8h30 de
hoje o cargo de vice-governador,
do qual estava licenciado.
A Folha apurou que Alckmin,
apesar de não ser entusiasta da
petista, é favorável à manifestação
de voto nela. Ele, no entanto, não
quer se antecipar a uma decisão
partidária.
O coordenador da campanha
tucana, Walter Feldman, tem
uma postura mais explícita de
apoio à petista. Mas ele também
diz que vai esperar e respeitar
uma decisão partidária.
"Temos que ajudar a salvar São
Paulo. Os causadores da maior
crise da história da cidade são as
administrações Maluf e Pitta. E a
neutralidade é uma hipótese, para
mim, totalmente afastada", disse
ele, que hoje diz se arrepender de
ter sido contrário ao apoio do partido ao senador Eduardo Suplicy
(PT) contra Maluf, em 1992, para
a prefeitura paulistana.
A declaração de apoio dos tucanos ao PT enfrenta alguns obstáculos. Um deles é a disputa entre
os dois partidos nas cidades de
Campinas (a 99 km de São Paulo)
e Mauá (região metropolitana de
São Paulo), no segundo turno.
Em Campinas, o confronto é
entre Toninho (PT) e Carlos Sampaio (PSDB). Em Mauá, o tucano
Leonel Damo tenta evitar a reeleição do petista Osvaldo Dias.
Sampaio e Damo telefonaram
para dirigentes tucanos, preocupados com o uso eleitoral que petistas nas duas cidades poderiam
fazer de uma eventual declaração
de Alckmin favorável a Marta.
O PT, no entanto, continua confiante em receber o aval tucano
em São Paulo. O marido de Marta, senador Eduardo Suplicy, foi
encarregado ontem, pelo comando de campanha dela, de negociar
o apoio dos partidos derrotados.
Suplicy deverá encontrar hoje,
em Brasília, o ministro tucano José Serra (Saúde) para discutir o
assunto.
Em 1998, foi Serra quem procurou Marta para pedir apoio ao governador Mário Covas (PSDB) no
segundo turno, contra Paulo Maluf (PPB). À época, Marta declarou voto no tucano, mas não subiu no palanque dele, apesar de
ter aparecido no horário eleitoral
gratuito do governador tucano.
"Se eu tiver o apoio do Covas será um apoio contra o malufismo,
como foi o meu apoio a ele", diz
Marta, que espera ganhar de forma "avassaladora".
Resta também definir a forma
como um eventual apoio do
PSDB seria manifestado. É pouco
provável a participação efetiva
dos tucanos na campanha de
Marta -haveria apenas recomendação de voto.
A cúpula petista descarta a possibilidade de haver discussão de
programa de governo com os tucanos. Mas Marta espera contar
com o apoio dos vereadores do
PSDB na Câmara Municipal.
Marta chegou em primeiro lugar no primeiro turno, com
38,01% dos votos válidos. Maluf
obteve 17,35% dos válidos, pouco
à frente de Alckmin, que conseguiu 17,21%. Romeu Tuma (PFL)
teve 11,42%, enquanto Luiza
Erundina (PSB) ficou com 9,87%
dos votos válidos.
Erundina
Em relação aos partidos que
sustentam a candidatura de Luiza
Erundina -PSB, PPS e PDT-, a
situação é menos complicada. A
participação desses partidos em
um governo petista faz parte das
negociações.
"Toda discussão que teremos
com esses partidos passa, obviamente, pela composição do governo", disse Ricardo Berzoini,
presidente do diretório municipal
do PT.
Erundina telefonou ontem de
manhã para o celular do senador
Suplicy para marcar um encontro
com ele, hoje, em Brasília.
No domingo, após reconhecer
sua derrota, Erundina já declarou
voto em Marta. Mas o PT quer
mais: pretende que Erundina esteja no programa de TV de Marta.
"Luiza Erundina é uma pessoa
muito importante na cidade, uma
pessoa de extremo respeito. O engajamento dela vai fazer diferença
sim", afirmou Marta.
Marta disse ontem que a existência do segundo turno deve fazer com que seu governo seja
"mais amplo" e "mais forte".
Ontem, ela não poupou elogios
a Erundina. "Quando ouvi falar
que ela sentia que o carinho da
população não tinha sido traduzido em votos, ela tinha razão. Senti
isso em todo o meu percurso; a
população de São Paulo tem um
enorme respeito a ela."
Durante uma das inúmeras entrevistas que concedeu ontem,
Marta falou aos gravadores como
se discursasse aos eleitores: "Hoje
é dia de dar um alô para o eleitor e
a eleitora que estiveram comigo.
Agradeço profundamente."
E continuou: "Eleitor ou eleitora que votou em outro candidato,
agora é o momento de olhar as
minhas propostas. Se abra, ouça
as propostas, venha conosco e diga um não a Paulo Maluf, Pitta e a
essa corrupção de oito anos."
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