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FEDERAÇÃO AOS PEDAÇOS
Três dias antes do fim do prazo, governador edita seis decretos concedendo incentivos fiscais
Alckmin adere à guerra fiscal e reduz ICMS
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Três dias antes do prazo estipulado pelo texto da reforma tributária para o fim da concessão de
benefícios fiscais por parte dos
Estados, o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),
publicou decretos que reduzem a
base de cálculo sobre a qual o valor do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é calculado para setores como o da fabricação de calçados.
Os decretos -seis no total-
foram apresentados no "Diário
Oficial" do dia 27 como sendo
"medidas de proteção à economia
paulista". Também são contempladas com benefícios a produção
de aeronaves, aparelhos de telefonia celular, informática, construção civil e indústria de alimentos.
Apesar das declarações do governador tucano contra a guerra
fiscal, o secretário da Fazenda,
Eduardo Guardia, justifica um
dos decretos afirmando que a medida foi tomada "em face de incentivos fiscais concedidos por
outras unidades da Federação".
Conforme o texto da reforma
tributária aprovado na Câmara,
os incentivos fiscais concedidos
até a última terça-feira terão validade por 11 anos após a entrada
em vigor da nova legislação fiscal.
No caso do setor de couro e fabricação de calçados, a alíquota
do ICMS baixou de 18% para 12%,
o que favorecerá o setor paulista
na acirrada disputa com outros
Estados, como Minas Gerais, Rio
Grande do Sul e Ceará.
A redução da base de calculo da
alíquota, conforme o artigo 29 do
decreto 48.115, também abrange a
fabricação de carrocerias de ônibus, segundo o Estado.
O "pacote" do governo paulista
pode ser dividido em duas partes.
Uma delas tem o objetivo de preservar as atuais alíquotas em patamares baixos, caso ocorra a eventual unificação do ICMS prevista
inicialmente na reforma.
As medidas também beneficiam produtos da cesta básica, da
indústria de medicamentos e até
da fabricação de cerveja, alvo de
disputas com outros Estados.
Desde as primeiras discussões
em torno das mudanças, Alckmin
tem dito que os Estados abrirão
mão de legislar sobre seu principal imposto, o ICMS. Com a unificação, esse ponto passará a ser de
responsabilidade da União.
De acordo com a Secretaria da
Fazenda, ainda não há um estudo
de quanto São Paulo deixará de
arrecadar com as mudanças, mas
eventuais perdas, diz o governo,
deverão ser compensadas por um
aumento na atividade econômica.
A compensação de perdas foi
uma das principais reivindicações
dos paulistas na reforma e foi assegurada pelo próprio presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
"Ação preventiva"
Alckmin afirmou ontem que as
medidas são "preventivas" e não
podem ser consideras como parte
de uma guerra fiscal, pois não têm
como alvo empresas específicas,
mas setores da economia.
"As alíquotas que são mais baixas, nós não queremos aumentá-las, nós queremos ter uma ação
preventiva para evitar o aumento
da carga tributária. A segunda
questão, como a do calçado e do
couro, nós fizemos, mas isso não é
guerra fiscal. Guerra fiscal é quando você atende uma empresa: venha para cá que eu devolvo o imposto", disse Alckmin.
O governador de São Paulo defende a mudança no Senado do
ponto da reforma que trata dos
incentivos fiscais.
De acordo com ele, o principal
objetivo é evitar aumento. "Nós
temos aqui no Estado algumas
alíquotas mais baixas. Então, se
amanhã, quando a alíquota teria
de ser igual no país inteiro fosse
estabelecida, São Paulo teria de
aumentar seus patamares. Para
evitar aumento de imposto, nós
editamos esse decreto", disse.
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