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Governo estuda
trocar incentivo
fiscal por verba
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Governo e senadores trabalham
com uma saída para solucionar o
recente acirramento da guerra fiscal entre os Estados: em troca de
mais verbas para as regiões mais
pobres, os governadores poderiam abrir mão dos benefícios
concedidos nos últimos dias.
O acirramento da guerra fiscal
foi provocado por uma regra incluída pela Câmara na reforma
tributária: pelo texto, os benefícios fiscais concedidos até 30 de
setembro, e somente eles, poderão vigorar por mais 11 anos.
"Em vez dessa guerra fiscal, que
é nociva, vamos discutir Orçamento e crédito", disse o líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). "Vamos propor
um pacto aos governadores, em
novas bases". Mercadante se referia a duas propostas: a transferência de um percentual dos investimentos federais a obras nos Estados do Norte, do Nordeste e do
Centro-Oeste e a elevação dos financiamentos do BNDES destinados a essas regiões.
Com isso, os Estados mais pobres, que defendem a guerra fiscal
como uma alternativa de desenvolvimento regional, poderiam
aceitar uma data anterior a 30 de
setembro como limite para a concessão dos incentivos -o que eliminaria os incentivos concedidos
às pressas.
Também entram na conta a nova fórmula para a Cide, que prevê
investimentos decididos em conjunto por União, Estados e municípios, e a separação das bases de
incidência do IPI e do ICMS.
"Em vez de criar um fundo aqui
e outro acolá, vamos fazer uma
política estruturante de desenvolvimento regional", disse Mercadante -citando, como analogia,
a proposta do governo de unificação dos programas sociais.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) seguiu linha semelhante: "Para que acabe a guerra
fiscal é preciso dar ao país políticas sustentáveis de desenvolvimento regional".
Na visão da Fazenda, todos os
incentivos concedidos na guerra
fiscal são ilegais: uma lei de 1975
condicionou esses benefícios à
aprovação unânime dos Estados.
Pela dificuldade política de sua
aplicação, a lei vem sendo sistematicamente descumprida. Mas,
se houver entendimento com os
governadores, entende-se que é
possível reverter os benefícios já
concedidos.
Palocci e Mercadante também
defendem restabelecer no projeto
a progressividade do imposto sobre a herança, derrubada pela Câmara -mas ainda não há acordo
político sobre o tema.
Governadores
O governador de Mato Grosso,
Blairo Maggi (PPS), afirmou ontem que foi um "desastre" a reunião dos governadores com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
na última terça. "Vieram à tona
todas as dificuldades que cada governador enfrenta." Ele sugeriu
que o governo exclua da proposta
tributária os pontos que tratam de
alterações no ICMS.
O governador Germano Rigotto
(PMDB-RS) disse que, para seu
Estado, seria vantajoso o fim imediato da guerra fiscal.
(GUSTAVO PATÚ e RAQUEL ULHÔA)
Colaborou o free-lancer para a Agência
Folha, em Cuiabá
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