UOL

São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO A 2004

Prazo para que os candidatos às eleições troquem de partido termina hoje; petistas devem ganhar 8 prefeitos

PT diminui rigor em filiações municipais

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de a cúpula da sigla negar, o PT abriu exceções no rigor com que trata suas novas filiações. O objetivo é entrar em regiões onde suas perspectivas para as eleições de 2004 eram sofríveis.
O caso mais exemplar é o das filiações na Baixada Fluminense. Mas há outros exemplos de cooptação estratégica. A deputada Lúcia Braga é um deles. Ela, que já foi do PTB e do PMN, agora abre a perspectiva de o PT fincar uma cunha na Paraíba, onde o partido se ressente de lideranças fortes.
O presidente do PT, José Genoino, nega e diz que há afinidade entre ela e o partido. Segundo ele, Lúcia Braga, apesar de pertencer a um grupo tradicional da política paraibana, desde 89 apóia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A estratégia eleitoral do PT para 2004 e 2006 será diferente, diz Genoino. Na oposição, o partido usava as eleições como "degrau" para projetar seus militantes. No governo, o objetivo é ganhar.
Das grandes siglas, o PT será a que menos mudará ao final do prazo de filiação para os candidatos às eleições municipais, às 24h de hoje. Também está prevista a filiação de até oito prefeitos, entre eles o de Macapá, João Henrique Rodrigues Pimentel, eleito pelo PSB. A sigla também tirou Raul Filho do PPS para concorrer à Prefeitura de Palmas (TO). Pimentel e Raul Filho são originários de siglas afins. Esse não é o caso do governador de Roraima, Flamarion Portela, que entrou no PT após uma escala no PSL.
A meta do crescimento também presidiu a incursão do PT sobre a Baixada Fluminense, que está sendo contestada pela esquerda do partido. Lá, o PT filiou a prefeita de Magé, Narriman Zito (ex-PDT), que é mulher do prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito, uma espécie de antítese do político ideal da militância petista. O PT chegou a dar sinal verde para a filiação de políticos ligados a bicheiros na cidade de Nilópolis.
"As filiações obedecem a critérios. Precisam obedecer a um consenso municipal, estadual e nacional", diz Genoino. A estratégia petista já acendeu o sinal amarelo em siglas aliadas como PPS e PSB, que temem ser vítimas de "canibalismo" em 2006. O PPS já teme perder o governador do Amazonas, Eduardo Braga.
O objetivo declarado do PT é dobrar o número de suas atuais prefeituras em 2004. Mas há quem fale, no partido, em eleger cerca de mil prefeitos. A sigla quer ter pelo menos um candidato a vereador em cada cidade do país.
Para crescer em 2004 e pavimentar o caminho para a reeleição de Lula, em 2006, o partido vai radicalizar a política de alianças, preferencialmente com os partidos que integram a base aliada. Mas alianças com PSDB e PFL também podem ser admitidas.

Heloísa Helena
A senadora Heloísa Helena (PT-AL) corre o risco de ter frustrado seu projeto de disputar a Prefeitura de Maceió em 2004. Se conseguir evitar ser expulsa do PT, disputará prévia com ao menos outros dois pré-candidatos: o presidente local do partido, o deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, e a médica Ângela Lopes. A prévia deve ser realizada no dia 15 de novembro.
Segundo Adelmo dos Santos, chefe de gabinete de Paulão, há a possibilidade de não haver prévia: "Pelas informações que tenho do PT nacional, Heloísa Helena não vai disputar de prévia nenhuma, porque estará suspensa". Procurada pela Folha, a senadora admitiu estar preocupada com sua situação no PT. Em alguns momentos, chorou ao telefone. "Perder [a prévia] faz parte. O ruim é perder a vergonha na cara", declarou.


Colaborou a Agência Folha


Texto Anterior: Reunião com Lula foi um "desastre", afirma Maggi
Próximo Texto: Para Alckmin, alguns tucanos estão "ansiosos"
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.