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RUMO A 2004
Prazo para que os candidatos às eleições troquem de partido termina hoje; petistas devem ganhar 8 prefeitos
PT diminui rigor em filiações municipais
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de a cúpula da sigla negar, o PT abriu exceções no rigor
com que trata suas novas filiações. O objetivo é entrar em regiões onde suas perspectivas para
as eleições de 2004 eram sofríveis.
O caso mais exemplar é o das filiações na Baixada Fluminense.
Mas há outros exemplos de cooptação estratégica. A deputada Lúcia Braga é um deles. Ela, que já foi
do PTB e do PMN, agora abre a
perspectiva de o PT fincar uma
cunha na Paraíba, onde o partido
se ressente de lideranças fortes.
O presidente do PT, José Genoino, nega e diz que há afinidade
entre ela e o partido. Segundo ele,
Lúcia Braga, apesar de pertencer a
um grupo tradicional da política
paraibana, desde 89 apóia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A estratégia eleitoral do PT para
2004 e 2006 será diferente, diz Genoino. Na oposição, o partido
usava as eleições como "degrau"
para projetar seus militantes. No
governo, o objetivo é ganhar.
Das grandes siglas, o PT será a
que menos mudará ao final do
prazo de filiação para os candidatos às eleições municipais, às 24h
de hoje. Também está prevista a
filiação de até oito prefeitos, entre
eles o de Macapá, João Henrique
Rodrigues Pimentel, eleito pelo
PSB. A sigla também tirou Raul
Filho do PPS para concorrer à
Prefeitura de Palmas (TO). Pimentel e Raul Filho são originários de siglas afins. Esse não é o caso do governador de Roraima,
Flamarion Portela, que entrou no
PT após uma escala no PSL.
A meta do crescimento também
presidiu a incursão do PT sobre a
Baixada Fluminense, que está
sendo contestada pela esquerda
do partido. Lá, o PT filiou a prefeita de Magé, Narriman Zito (ex-PDT), que é mulher do prefeito de
Duque de Caxias, José Camilo Zito, uma espécie de antítese do político ideal da militância petista. O
PT chegou a dar sinal verde para a
filiação de políticos ligados a bicheiros na cidade de Nilópolis.
"As filiações obedecem a critérios. Precisam obedecer a um
consenso municipal, estadual e
nacional", diz Genoino. A estratégia petista já acendeu o sinal amarelo em siglas aliadas como PPS e
PSB, que temem ser vítimas de
"canibalismo" em 2006. O PPS já
teme perder o governador do
Amazonas, Eduardo Braga.
O objetivo declarado do PT é
dobrar o número de suas atuais
prefeituras em 2004. Mas há
quem fale, no partido, em eleger
cerca de mil prefeitos. A sigla quer
ter pelo menos um candidato a
vereador em cada cidade do país.
Para crescer em 2004 e pavimentar o caminho para a reeleição de Lula, em 2006, o partido vai
radicalizar a política de alianças,
preferencialmente com os partidos que integram a base aliada.
Mas alianças com PSDB e PFL
também podem ser admitidas.
Heloísa Helena
A senadora Heloísa Helena
(PT-AL) corre o risco de ter frustrado seu projeto de disputar a
Prefeitura de Maceió em 2004. Se
conseguir evitar ser expulsa do
PT, disputará prévia com ao menos outros dois pré-candidatos: o
presidente local do partido, o deputado estadual Paulo Fernando
dos Santos, o Paulão, e a médica
Ângela Lopes. A prévia deve ser
realizada no dia 15 de novembro.
Segundo Adelmo dos Santos,
chefe de gabinete de Paulão, há a
possibilidade de não haver prévia:
"Pelas informações que tenho do
PT nacional, Heloísa Helena não
vai disputar de prévia nenhuma,
porque estará suspensa". Procurada pela Folha, a senadora admitiu estar preocupada com sua situação no PT. Em alguns momentos, chorou ao telefone. "Perder [a
prévia] faz parte. O ruim é perder
a vergonha na cara", declarou.
Colaborou a Agência Folha
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