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PRIMEIRO MUNDO
Crescimento acontece de forma conjunta nos principais municípios do Estado e transborda para vizinhos
Santa Catarina reúne 6 das 10 melhores regiões brasileiras
EM SÃO PAULO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTA CATARINA
Se a região metropolitana de
Florianópolis fosse um país, seria
o 33º do mundo em qualidade de
vida, com índice de 0,859, indica o
Atlas de Desenvolvimento Humano. O Brasil é o 65º do ranking
das Nações Unidas.
A segunda e a terceira regiões
metropolitanas com melhores índices de qualidade de vida também são catarinenses: o norte/
nordeste do Estado, na área de
Joinville, e o Vale do Itajaí, no entorno de Blumenau.
Entre as dez melhores regiões
do país para viver, há mais três de
Santa Catarina: as chamadas
"áreas de expansão" do Vale do
Itajaí (perto de Brusque), da região carbonífera (perto de Urussanga) e da foz do rio Itajaí (perto
de Bombinhas).
Em todas essas áreas, o crescimento acontece de forma conjunta, ou seja, não só no principal
município da região mas também
nos municípios vizinhos.
Na região de Florianópolis, por
exemplo, a capital tem o IDHM
mais alto, mas quem mais evoluiu
foram os municípios vizinhos de
Santo Amaro da Imperatriz e Antônio Carlos.
"É o que chamamos de transbordamento positivo, com efeitos
na qualidade de vida de toda a região", afirma o assessor de desenvolvimento sustentável do Pnud
(Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento), José
Carlos Libânio. Nas demais regiões catarinenses, Libânio destaca a existência de pólos de agricultura familiar e a tradição de ação
conjunta nas regiões metropolitanas. "Há 20 anos ouço falar, por
exemplo, da preocupação da região de Joinville com um projeto
conjunto para a região. Eles estão
colhendo os frutos disso", afirma.
Migração rica
De dois anos para cá, Florianópolis e seus municípios vizinhos
estão experimentando, na prática,
o que é o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal):
a taxa de alfabetização é de 96%, a
esperança de vida, de 72 anos, e a
renda per capita, R$ 701.
Há também uma migração de
pessoas de alto poder aquisitivo
para a região, em busca justamente do que o índice da ONU traduz
-qualidade de vida. Essa migração aumenta a renda, gera empregos, e o ciclo segue.
A "descoberta" da qualidade de
vida na ilha de 42 praias está fazendo com que empresários, executivos e aposentados se mudem
para Florianópolis. "Os vôos de
segunda e de sexta-feira lotam de
executivos, que passam a semana
trabalhando em São Paulo e voltam para o fim de semana", diz o
corretor de imóveis Antonio Moser, 45, há 24 anos na atividade.
A "invasão" atual está substituindo os turistas argentinos de
classes média e alta, que inundavam as praias da orla catarinense
nos verões dos anos 80. Junto com
os argentinos vieram os gaúchos.
A "invasão" dos ricos migrantes
do Sudeste é mais recente. O Sinduscon (Sindicato da Construção
Civil) de Santa Catarina não tem
um estudo do perfil do novo investidor na cidade, mas os negócios nas imobiliárias e a expansão
da construção civil em "bolsões
de riqueza" na ilha são evidentes.
Multiplicam-se hoje empreendimentos impensáveis há poucos
anos, como um condomínio de
apartamentos de R$ 2 milhões a
unidade, em construção em Jurerê Internacional, uma das praias
mais badaladas da ilha.
"Hoje mais de 50% dos negócios imobiliários na ilha são fechados com gente de fora e à vista", diz o dono de imobiliária Dalton Andrade, 48. Neste ano, ele
vendeu um apartamento de R$ 1,6
milhão na praia Brava, considerada um reduto contra os invasores.
Os preços dos terrenos também
estouraram. Em áreas com vista
para o mar, como no bairro classe
média de Saco Grande, a valorização foi de 100%, diz Andrade.
No último ano do segundo
mandato, a prefeita de Florianópolis, Ângela Amin (PPB), diz não
se assustar com o crescimento da
cidade. Ela afirma que existem
projetos para acompanhar essa
evolução e as consequências que
provoca, como no trânsito, mas
que é preciso "ousadia" dos futuros administradores para enfrentar as consequências.
Mas o termômetro do sucesso,
de acordo com ela, está na segurança. "Como em todas as outras
cidades, a questão da segurança
de Florianópolis está muito ligada
ao problema das drogas, e segurança é o hoje o grande desafio",
afirma.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA E MARI TORTATO)
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