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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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PRIMEIRO MUNDO

Crescimento acontece de forma conjunta nos principais municípios do Estado e transborda para vizinhos

Santa Catarina reúne 6 das 10 melhores regiões brasileiras

EM SÃO PAULO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTA CATARINA

Se a região metropolitana de Florianópolis fosse um país, seria o 33º do mundo em qualidade de vida, com índice de 0,859, indica o Atlas de Desenvolvimento Humano. O Brasil é o 65º do ranking das Nações Unidas.
A segunda e a terceira regiões metropolitanas com melhores índices de qualidade de vida também são catarinenses: o norte/ nordeste do Estado, na área de Joinville, e o Vale do Itajaí, no entorno de Blumenau.
Entre as dez melhores regiões do país para viver, há mais três de Santa Catarina: as chamadas "áreas de expansão" do Vale do Itajaí (perto de Brusque), da região carbonífera (perto de Urussanga) e da foz do rio Itajaí (perto de Bombinhas).
Em todas essas áreas, o crescimento acontece de forma conjunta, ou seja, não só no principal município da região mas também nos municípios vizinhos.
Na região de Florianópolis, por exemplo, a capital tem o IDHM mais alto, mas quem mais evoluiu foram os municípios vizinhos de Santo Amaro da Imperatriz e Antônio Carlos.
"É o que chamamos de transbordamento positivo, com efeitos na qualidade de vida de toda a região", afirma o assessor de desenvolvimento sustentável do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), José Carlos Libânio. Nas demais regiões catarinenses, Libânio destaca a existência de pólos de agricultura familiar e a tradição de ação conjunta nas regiões metropolitanas. "Há 20 anos ouço falar, por exemplo, da preocupação da região de Joinville com um projeto conjunto para a região. Eles estão colhendo os frutos disso", afirma.

Migração rica
De dois anos para cá, Florianópolis e seus municípios vizinhos estão experimentando, na prática, o que é o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal): a taxa de alfabetização é de 96%, a esperança de vida, de 72 anos, e a renda per capita, R$ 701.
Há também uma migração de pessoas de alto poder aquisitivo para a região, em busca justamente do que o índice da ONU traduz -qualidade de vida. Essa migração aumenta a renda, gera empregos, e o ciclo segue.
A "descoberta" da qualidade de vida na ilha de 42 praias está fazendo com que empresários, executivos e aposentados se mudem para Florianópolis. "Os vôos de segunda e de sexta-feira lotam de executivos, que passam a semana trabalhando em São Paulo e voltam para o fim de semana", diz o corretor de imóveis Antonio Moser, 45, há 24 anos na atividade.
A "invasão" atual está substituindo os turistas argentinos de classes média e alta, que inundavam as praias da orla catarinense nos verões dos anos 80. Junto com os argentinos vieram os gaúchos.
A "invasão" dos ricos migrantes do Sudeste é mais recente. O Sinduscon (Sindicato da Construção Civil) de Santa Catarina não tem um estudo do perfil do novo investidor na cidade, mas os negócios nas imobiliárias e a expansão da construção civil em "bolsões de riqueza" na ilha são evidentes.
Multiplicam-se hoje empreendimentos impensáveis há poucos anos, como um condomínio de apartamentos de R$ 2 milhões a unidade, em construção em Jurerê Internacional, uma das praias mais badaladas da ilha.
"Hoje mais de 50% dos negócios imobiliários na ilha são fechados com gente de fora e à vista", diz o dono de imobiliária Dalton Andrade, 48. Neste ano, ele vendeu um apartamento de R$ 1,6 milhão na praia Brava, considerada um reduto contra os invasores.
Os preços dos terrenos também estouraram. Em áreas com vista para o mar, como no bairro classe média de Saco Grande, a valorização foi de 100%, diz Andrade.
No último ano do segundo mandato, a prefeita de Florianópolis, Ângela Amin (PPB), diz não se assustar com o crescimento da cidade. Ela afirma que existem projetos para acompanhar essa evolução e as consequências que provoca, como no trânsito, mas que é preciso "ousadia" dos futuros administradores para enfrentar as consequências.
Mas o termômetro do sucesso, de acordo com ela, está na segurança. "Como em todas as outras cidades, a questão da segurança de Florianópolis está muito ligada ao problema das drogas, e segurança é o hoje o grande desafio", afirma. (FERNANDA DA ESCÓSSIA E MARI TORTATO)


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