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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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NA RABEIRA

Vale do Aço melhora, mas segue a pior das 33

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PERIQUITO

O entorno da região metropolitana do Vale do Aço (MG), chamada de Colar Metropolitano, continua tendo, desde 1991, o pior IDH-M entre as 33 regiões metropolitanas analisadas, em que pese ser a região que teve na década passada o maior crescimento relativo entre as demais comparadas: 14,3% -o índice saltou de 0,601 para 0,687.
Nesse colar, composto por 22 cidades, excluídos municípios como Ipatinga e Timóteo, com IDH-M alto, as pessoas que vivem no entorno daquela região industrializada pouco usufruem, por exemplo, da possibilidade de ter uma renda melhor. A maioria se vira com os empregos locais.
O alto crescimento relativo da região é explicado pelos técnicos pelo fato de os municípios terem tido, em 1991, um índice muito baixo. A base de comparação mais baixa facilita um crescimento relativo grande, mas insuficiente para alcançar as demais regiões comparadas.
É mais fácil, por exemplo, aumentar a expectativa de vida de 63,1 anos para 67,3 anos, caso do colar, do que de 67,8 anos para 72,6 anos, como no caso dos quatro municípios do núcleo metropolitano do Vale do Aço (Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo).
Grande parte dos anos de vida ganhos pelos municípios periféricos deve-se à diminuição da taxa de mortalidade infantil de 45,5 mortes para cada mil nascidos vivos para 37,7/mil.
Prevalece nessa periferia regional a vida simples. Em alguns dos 22 municípios o IDH-M é igual ao de algumas cidades do Vale do Jequitinhonha, a área mais pobre de Minas Gerais. É o caso de Periquito, com IDH-M de 0,647, expectativa de vida de 66,21 anos e renda per capita de R$ 99,61.
O município age no saneamento. No distrito de São Sebastião do Baixio, por exemplo, onde vivem cerca de 1.500 dos 7.500 periquitenses, foram instaladas rede água e esgoto há um ano, mas as famílias de lá não dispõem de renda para as instalações.
Dessa forma, boa parte dos barracos, pequenos e precários, com três ou quatro cômodos apenas, onde se amontoam até oito pessoas, não dispõem de banheiro ou um vaso sanitário decente. Prevalecem ali as fossas, quase sempre instaladas muito próximas de cisternas, de onde as pessoas retiram a água que usam. Os que não têm fossa usam o mato.
Eva Pereira Rodrigues dos Santos, 30, têm uma fossa do lado de fora do seu barraco, mas não usa e não deixa os seis filhos usarem. Tem medo que eles caiam dentro dela, como ocorreu com ela na adolescência.
Maria das Dores Silva, 40, secretária de Saúde de Periquito, disse que os casos de verminose são muitos. O município não tem recursos para um programa de banheiros domiciliares.


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