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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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Em educação, a capital paulista fica no fim da fila

DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo está no fim da fila em qualidade na educação no grupo das cidades com mais de 1 milhão de habitantes por causa da baixa frequência à escola. Entre as 13 cidades que compõe esse grupo, a capital paulista só está à frente de Guarulhos e de Manaus.
Não houve recuo na frequência escolar. O problema é que o crescimento foi inferior ao das outras cidades. O aumento da pobreza e problemas de gestão nas escolas são apontados como os responsáveis pelo baixo crescimento.
O baixo crescimento na frequência está ligado ao aumento da miséria, na opinião de Maria Aparecida Perez, 47, secretária de Educação da prefeitura paulistana. "O desemprego desestrutura a família, e a criança deixa de ir para a escola e vai para a rua ou para a droga atrás de dinheiro", afirma.
Para tornar mais tênue esse quadro, segundo ela, a prefeitura decidiu distribuir uniforme, material escolar, 1,3 milhão de merendas por dia, 200 mil bolsas do programa de renda mínima e transporte para 104 mil crianças.
Tanto ela como o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza concordam que é preciso tornar a escola atratativa. A receita que defendem, porém, é divergente.
"A escola tem de virar um centro comunitário para atrair sobretudo os homens, que trocam o ensino pelo trabalho ou pelo crime. Para isso, ela tem de ter quadra de esportes e teatro e abrir aos fins de semana", diz Paulo Renato, 58.
Parece a descrição do CEU (Centro Educacional Unificado), criado pela prefeita Marta Suplicy (PT), mas ele rejeita a comparação: "O CEU é um desatre. É elitista e eleitoreiro porque jamais atenderá toda a periferia."
Devem ser abertos 21 CEUs até janeiro. A capacidade de cada um é de 2.400 alunos -todos atenderiam 50.400. As escolas municipais têm cerca de 900 mil estudantes e as do Estado, 1,36 milhão.
A forma de tornar a escola atrativa, segundo o ex-ministro, é transformar o diretor em "líder comunitário", como faz o projeto "Escola da Família", do Estado.
Para Perez, Paulo Renato critica o CEU por ignorar o projeto: "Ele não é elitista porque não é um equipamento isolado. Trabalha em rede com as escolas da região e com as subprefeituras."


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