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BASE DA PIRÂMIDE
Escalada dos menores municípios em qualidade de vida não tira atraso de mais de uma década
Em meio à má distribuição de renda, pequenos crescem mais
EM SÃO PAULO
A distribuição de renda piorou
em 66,3% dos municípios brasileiros de 1991 a 2000, ou seja, em
3.654 cidades. Em outras 370
(6,7%), a desigualdade de renda
ficou inalterada e, em 1.483
(29,6%), houve queda.
No país, a concentração de renda medida pelo índice de Gini subiu, pulando de 0,63 (1991) para
0,65 (2000). O índice varia de 0 a 1
-quanto mais perto de zero,
mais bem distribuída é a renda, e,
quanto mais próxima de um,
mais concentrada.
Em 1991, a razão entre a renda
dos 10% mais ricos da população
e os 40% mais pobres era de 30,43.
Em 2000, havia subido para 32,93.
Em 23 unidades da federação, a
renda ficou mais concentrada. Só
Roraima reduziu a concentração
de renda. Em Rondônia, no Rio
Grande do Sul e no Rio de Janeiro,
a situação ficou estável. A maior
concentração está em Alagoas.
Pelos dados do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o Brasil tem a
sexta pior distribuição de renda
do mundo.
Um retrato da desigualdade
brasileira está na situação dos pequenos municípios, com menos
de 50 mil habitantes. Apesar de terem tido o melhor aumento no índice de qualidade de vida, eles seguem com quase uma década de
atraso em relação ao Brasil.
Em média, o IDHM dessas cidades cresceu 15,9%, quando, no
país todo, o crescimento foi 10%.
Mesmo assim, seu índice há três
anos ainda era de 0,693 -inferior
à marca de 0,696 verificada no
Brasil em 1991.
Em geral, a melhora desses municípios é impulsionada pela educação e pela expectativa de vida,
apesar de a renda evoluir pouco.
Dos 30 piores índices de qualidade de vida no país, todos são de
municípios com menos de 50 mil
habitantes. Vinte e cinco deles ficam no Nordeste, região em que a
qualidade de vida é a mais baixa, e
11 estão no Maranhão, Estado
com a pior qualidade de vida.
O pior IDHM está no município
pernambucano de Manari: 0,467
-comparável ao do Haiti, 150º ao
ranking do IDH mundial.
Em Manari, a renda per capita
caiu em relação a 1991 e, em 2000,
era de apenas R$ 30. A concentração de renda subiu 71,4%.
Nesse município, 90% da população é pobre, ou seja, tem renda
domiciliar per capita inferior a R$
75,50 (metade do salário mínimo
vigente em agosto de 2000).
Foi também um município pequeno, São Félix do Tocantins,
que conseguiu a maior evolução
do IDHM, 67,4%. Houve aumento da renda e da esperança de vida, mas o avanço foi impulsionado pela educação. O analfabetismo caiu de 75% para 20%.
Apenas cinco municípios brasileiros perderam qualidade de vida: Amajari e Uiramutã, em Roraima, São Sebastião do Uatunã,
Silves e Uarini, no Amazonas.
Para François Bremaeker, técnico do Ibam (Instituto Brasileiro
de Administração Municipal), faltam para os pequenos municípios
projetos de emprego e renda.
"Nesses municípios, parte da
população migrou porque não
havia emprego. Hoje quase não
há mão-de-obra adulta nesses lugares, e a renda cai", afirma.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)
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