São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2000

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Governador amplia segurança após suspeitas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para o governador Jorge Viana, ficar sabendo do plano para matar sua filha e seu pai foi o pior momento desde que soube da existência de projetos para matá-lo. Segundo Viana, foi aí que ele decidiu reforçar a segurança e adotar cuidados especiais recomendados pela polícia.
Ele afirma que passou a usar carro blindado e que suas filhas também não saem de casa sem segurança. Leia a seguir trechos da entrevista de Viana à Folha.

Folha - A que o sr. atribui planos para matá-lo?
Jorge Viana -
Desde que eu assumi tenho tentado colaborar com as instituições. Algumas já trabalhavam contra o crime organizado antes de eu assumir. Mas começaram a colocar como se fosse algo exclusivamente meu o desmonte do esquadrão da morte, do crime organizado. A partir daí houve tentativas de intimidar e de desestabilizar do ponto de vista pessoal e político. Foi muito sofrido ter de ouvir procuradores contarem como deveria ter sido uma tentativa de assassinato meu.

Folha - Houve algum momento em que o sr. se sentiu intimidado?
Viana -
Foi um episódio envolvendo uma das minhas filhas e meu pai, aquilo foi muito chocante para mim. Foi o momento mais delicado, mas, como ainda não era do conhecimento público, eu procurei pessoas que pudessem me ajudar. Quem me ajudou muito foi o próprio Lula. Um delegado amigo dele veio, ficou uns dias comigo, deu uma geral na segurança. Eu comecei a usar seguranças para minhas filhas. Mas não posso me curvar a isso. E preferi tornar isso público porque eu acho que a melhor maneira de evitar -o que a gente não fez na época do Chico Mendes- é deixar tudo às claras.

Folha - E sobre esse episódio do Palito?
Viana -
Ele foi uma testemunha importante no caso do Hildebrando e, de repente, depois de fugir, ele aparece no canal do seu Narciso dando declarações extremamente perigosas, diz que as condenações eram culpa minha. Ora, ele põe os quase 40 policiais presos, seus familiares e aliados, todos contra mim. E começam a vender a idéia de que eu sou o problema. Se me eliminarem, quem está preso vai ser solto, e os delatores vão se acertar com os acusados. Não é nada disso.

Folha - E porque isso só agora?
Viana -
Não sei. Não há eleições à vista, não há nada especial. O que há são fatos. As condenações estão começando a sair e a ser confirmadas em instâncias superiores. Querem criar um clima ruim.


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