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OUTRO LADO
Empresas negam ter feito doações irregulares a FHC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Negativas e notas oficiais
marcaram as respostas dadas à
Folha pelas empresas relacionadas na planilha "MM". Desde o início da série sobre o caixa-dois das campanhas do presidente Fernando Henrique
Cardoso, esta foi a vez em que
os empresários responderam
mais rapidamente e que mais
se utilizaram da intermediação
de assessores de imprensa.
A direção da Andrade Gutierrez informou, por meio de
sua assessoria, que a empresa
"nega ter participado da campanha com contribuições outras que não as declaradas" ao
TSE. De acordo com a planilha
"MM", a construtora daria R$ 1
milhão, o dobro do valor registrado oficialmente.
Na coluna "observações", o
nome R. Amaral aparece associado à Andrade Gutierrez.
Trata-se de Roberto Amaral,
que trabalhou na empresa por
30 anos. Em abril de 1998,
Amaral deixou o cargo de diretor da unidade da construtora
em São Paulo e se aposentou.
Encontra-se em viagem à Europa e não foi localizado pela
Folha.
Por Odebrecht (R$ 500 mil) e
CBPO (R$ 900 mil) falou Roberto Dias, diretor de relações
institucionais da área de engenharia. "A empresa não fez
contribuições em 1998 para a
campanha de presidente da República. Fizemos para as eleições legislativas."
O gerente de comunicação da
Rhodia, Plinio Carvalho, disse
que "a empresa não foi procurada e também não fez contribuições". Segundo Carvalho, a
política mundial do grupo impede que as subsidiárias façam
doações para campanhas políticas. A planilha associa à Rhodia uma meta de arrecadação
de R$ 100 mil.
Eduardo Plass, diretor-presidente do Pactual, disse que o
banco é "apolítico" e que não
fez contribuições. Segundo a
planilha "MM", o Pactual doaria R$ 200 mil. "Se houvesse alguma coisa de contribuição, eu
saberia", disse.
A Diretoria da Companhia
Suzano de Papel e Celulose informou à Folha que fez doação
de materiais (papel) para a
campanha de FHC em 1998,
num total de R$ 124.685,40
-valor registrado no TSE e
próximo da meta de arrecadação indicada para a Suzano, de
R$ 150 mil.
Segundo a direção da Parmalat, apresentada como a doadora potencial de R$ 100 mil, em
resposta dada via assessoria de
imprensa, não há registro na
contabilidade sobre as contribuições indicadas.
O advogado Milton Rosenthal respondeu pelo seu cliente,
Ricardo Mansur. O empresário
era dono do Mappin em 1998,
quando a rede de lojas faliu. A
planilha "MM" prevê uma contribuição de R$ 100 mil da empresa. Segundo Rosenthal,
Mansur não fez nenhum donativo para campanha.
Alegaram não ter tido tempo
hábil para responder à Folha o
grupo Vicunha e a Cegelec. Pela planilha, a meta de arrecadação para a Vicunha seria de R$
150 mil. A Cegelec está no grupo de dez empresas para as
quais não há indicação de meta
para doação.
1. ABB (Asea Brown Bovery):
por meio de sua assessoria de
imprensa, a empresa disse que
não falaria sobre a reportagem.
2. Farmaza: falou pelo laboratório farmacêutico o seu presidente, Nelson Libus. "Nunca
houve nenhum contato e também nenhuma contribuição."
3. Gradiente: em nota, a direção da empresa informou que,
"por decisão tomada pelo Conselho de Administração", não
houve contribuições para FHC
em 1994 e 1998. Informou que
"em ambas as oportunidades a
companhia foi contatada por
diversos representantes ligados
às campanhas eleitorais, e a posição sempre foi no sentido de
não contribuir devido a uma
posição tomada pelo Conselho
de Administração".
4. Gessy Lever: em nota oficial, assinada pela assessoria, a
empresa disse que sempre
cumpriu uma norma válida para o grupo no mundo inteiro:
"Não apoiar partidos políticos
nem contribuir com grupos
cujas atividades promovam interesses partidários".
5. Stet do Brasil: a assessoria
da Telecom Itália do Brasil, da
Stet, disse que a empresa "nunca fez doações para qualquer
campanha eleitoral nem nunca
recebeu solicitação nesse sentido".
6. Siemens: por meio de sua
assessoria, a direção da empresa declarou ter sido procurada
pelo ex-ministro Luiz Carlos
Bresser Pereira e não por Andrea Matarazzo. Segundo o
TSE, houve uma contribuição
de R$ 200 mil.
7. BM&F: a direção da Bolsa
de Mercadorias e Futuros afirmou, por meio de sua assessoria, que não se pronunciaria sobre a reportagem. Esclareceu
que a BM&F contribui para a
campanha de candidatos depois de analisar o impacto de
suas propostas sobre a economia. Se o considerar positivo,
dá dinheiro. Em 1998, de acordo com os registros do TSE,
doou R$ 250 mil para FHC.
8. Petroquímica da Bahia: a
assessoria do grupo Mariani
não respondeu às questões.
9. Ultraquímica Participações: não houve resposta aos
dois recados deixados para o
diretor-superintendente do
grupo Ultra. Também não responderam às ligações da Folha:
IAT Trading (R$ 120 mil), as
construtoras Heleno & Fonseca (R$ 400 mil) e Camargo Corrêa (R$ 1 milhão), banco Cacique (R$ 300 mil), Bardella S/A
Indústria Mecânica (R$ 200
mil), Laticínios Vigor (R$ 100
mil), além do grupo Brasmotor, cuja meta de contribuição
indicada na planilha era de R$
200 mil e, segundo o TSE, contribuiu com R$ 280 mil.
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