São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2000

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OUTRO LADO

Empresas negam ter feito doações irregulares a FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Negativas e notas oficiais marcaram as respostas dadas à Folha pelas empresas relacionadas na planilha "MM". Desde o início da série sobre o caixa-dois das campanhas do presidente Fernando Henrique Cardoso, esta foi a vez em que os empresários responderam mais rapidamente e que mais se utilizaram da intermediação de assessores de imprensa.
A direção da Andrade Gutierrez informou, por meio de sua assessoria, que a empresa "nega ter participado da campanha com contribuições outras que não as declaradas" ao TSE. De acordo com a planilha "MM", a construtora daria R$ 1 milhão, o dobro do valor registrado oficialmente.
Na coluna "observações", o nome R. Amaral aparece associado à Andrade Gutierrez. Trata-se de Roberto Amaral, que trabalhou na empresa por 30 anos. Em abril de 1998, Amaral deixou o cargo de diretor da unidade da construtora em São Paulo e se aposentou. Encontra-se em viagem à Europa e não foi localizado pela Folha.
Por Odebrecht (R$ 500 mil) e CBPO (R$ 900 mil) falou Roberto Dias, diretor de relações institucionais da área de engenharia. "A empresa não fez contribuições em 1998 para a campanha de presidente da República. Fizemos para as eleições legislativas."
O gerente de comunicação da Rhodia, Plinio Carvalho, disse que "a empresa não foi procurada e também não fez contribuições". Segundo Carvalho, a política mundial do grupo impede que as subsidiárias façam doações para campanhas políticas. A planilha associa à Rhodia uma meta de arrecadação de R$ 100 mil.
Eduardo Plass, diretor-presidente do Pactual, disse que o banco é "apolítico" e que não fez contribuições. Segundo a planilha "MM", o Pactual doaria R$ 200 mil. "Se houvesse alguma coisa de contribuição, eu saberia", disse.
A Diretoria da Companhia Suzano de Papel e Celulose informou à Folha que fez doação de materiais (papel) para a campanha de FHC em 1998, num total de R$ 124.685,40 -valor registrado no TSE e próximo da meta de arrecadação indicada para a Suzano, de R$ 150 mil.
Segundo a direção da Parmalat, apresentada como a doadora potencial de R$ 100 mil, em resposta dada via assessoria de imprensa, não há registro na contabilidade sobre as contribuições indicadas.
O advogado Milton Rosenthal respondeu pelo seu cliente, Ricardo Mansur. O empresário era dono do Mappin em 1998, quando a rede de lojas faliu. A planilha "MM" prevê uma contribuição de R$ 100 mil da empresa. Segundo Rosenthal, Mansur não fez nenhum donativo para campanha.
Alegaram não ter tido tempo hábil para responder à Folha o grupo Vicunha e a Cegelec. Pela planilha, a meta de arrecadação para a Vicunha seria de R$ 150 mil. A Cegelec está no grupo de dez empresas para as quais não há indicação de meta para doação.
1. ABB (Asea Brown Bovery): por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa disse que não falaria sobre a reportagem.
2. Farmaza: falou pelo laboratório farmacêutico o seu presidente, Nelson Libus. "Nunca houve nenhum contato e também nenhuma contribuição."
3. Gradiente: em nota, a direção da empresa informou que, "por decisão tomada pelo Conselho de Administração", não houve contribuições para FHC em 1994 e 1998. Informou que "em ambas as oportunidades a companhia foi contatada por diversos representantes ligados às campanhas eleitorais, e a posição sempre foi no sentido de não contribuir devido a uma posição tomada pelo Conselho de Administração".
4. Gessy Lever: em nota oficial, assinada pela assessoria, a empresa disse que sempre cumpriu uma norma válida para o grupo no mundo inteiro: "Não apoiar partidos políticos nem contribuir com grupos cujas atividades promovam interesses partidários".
5. Stet do Brasil: a assessoria da Telecom Itália do Brasil, da Stet, disse que a empresa "nunca fez doações para qualquer campanha eleitoral nem nunca recebeu solicitação nesse sentido".
6. Siemens: por meio de sua assessoria, a direção da empresa declarou ter sido procurada pelo ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira e não por Andrea Matarazzo. Segundo o TSE, houve uma contribuição de R$ 200 mil.
7. BM&F: a direção da Bolsa de Mercadorias e Futuros afirmou, por meio de sua assessoria, que não se pronunciaria sobre a reportagem. Esclareceu que a BM&F contribui para a campanha de candidatos depois de analisar o impacto de suas propostas sobre a economia. Se o considerar positivo, dá dinheiro. Em 1998, de acordo com os registros do TSE, doou R$ 250 mil para FHC.
8. Petroquímica da Bahia: a assessoria do grupo Mariani não respondeu às questões.
9. Ultraquímica Participações: não houve resposta aos dois recados deixados para o diretor-superintendente do grupo Ultra. Também não responderam às ligações da Folha: IAT Trading (R$ 120 mil), as construtoras Heleno & Fonseca (R$ 400 mil) e Camargo Corrêa (R$ 1 milhão), banco Cacique (R$ 300 mil), Bardella S/A Indústria Mecânica (R$ 200 mil), Laticínios Vigor (R$ 100 mil), além do grupo Brasmotor, cuja meta de contribuição indicada na planilha era de R$ 200 mil e, segundo o TSE, contribuiu com R$ 280 mil.


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