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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Dirceu é ovacionado ao chegar a ato em defesa de ex-presidente da Câmara; petistas acusam direita de tentar derrubar partido
Apoio a João Paulo vira manifestação pró-Lula
RICARDO MELO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ato convocado pelo PT em defesa do mandato do deputado
João Paulo Cunha (SP) se transformou numa manifestação contra a direita e pela reeleição do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, em São Paulo. Mesmo
cassado, o ex-deputado José Dirceu foi a grande estrela do evento.
Tratado como uma espécie de
herói do partido, Dirceu foi ovacionado ao chegar, provocou choro em militantes e recebeu beijos e
abraços durante todo o trajeto da
porta do local até o palco onde ficou a mesa da manifestação, no
centro Trasmontano (centro da
capital). Mesa que Dirceu e João
Paulo compartilharam com lideranças como a ex-prefeita Marta
Suplicy, o senador Aloizio Mercadante (SP), João Felicio (presidente da CUT), além de deputados, prefeitos e vereadores.
João Paulo é um dos deputados
petistas que estão no "corredor da
morte" do Congresso. A mulher
dele é acusada de ter sacado R$ 50
mil reais da conta de Marcos Valério no Banco Rural.
O primeiro a falar foi Paulo Frateschi, presidente estadual do partido. Seu discurso apontou o tom
que predominaria em praticamente todas as demais intervenções. "A direita quer nos derrotar,
quer nos humilhar. Temos um
enorme combate político pela
frente", afirmou, ao se referir à
cassação de Dirceu. "Precisamos
nos preparar para resistir com luta, fazendo mais manifestações,
enviando moções de apoio e telegramas para os deputados."
Felício, da CUT, abriu o discurso homenageando Dirceu. "Ninguém vai cassar sua alma guerreira", disse, chamando o movimento sindical a ficar ao lado dos deputados ameaçados de cassação.
Marta Suplicy foi uma das mais
aplaudidas. Disse que Dirceu deu
um exemplo para todos os militantes do partido. "Sua luta deixou uma vontade de passar um
trator nessa direita oportunista",
afirmou, para delírio da platéia de
cerca de 800 pessoas. Marta fez
um apelo pela união do partido e
disse que agora não era momento
de petistas ficarem se acusando.
"Querem tentar impedir a reeleição do presidente Lula, mas nós
não vamos deixar."
O senador Aloizio Mercadante
falou em seguida. "Foi duro votar
pela expulsão de Delúbio [Soares,
ex-tesoureiro], mas o partido tem
que reconhecer seus erros políticos", afirmou, sem provocar nenhum entusiasmo na platéia. Só
recebeu aplausos quando disse
que o PT estava sendo alvo de um
"ataque político e ideológico".
Foi então que tomou a palavra
José Dirceu. Foi tão aplaudido
que mais parecia um ato de desagravo a ele do que de apoio a João
Paulo. Começou em tom apoteótico: "O que está em jogo é o futuro do Brasil, de quem vai governar
o Brasil". Disse que a acusação de
corrupção serviu em outras épocas para derrubar governos, citando como exemplo o golpe militar de 64 e, agora, o que estariam
tentando fazer com o governo Lula. "Não é o caixa dois que está em
discussão. Se fosse isso, estariam
investigando as contas da eleição
do Fernando Henrique em 98, a
campanha do José Serra em
2002", declarou. "É uma luta para
desestabilizar o governo e inviabilizar a reeleição de Lula em 2006."
Dirceu sustentou que não há
provas para cassar João Paulo, assim como não havia provas para
cassá-lo. João Paulo falou em seguida para encerrar a noite. Disse
que o partido deve se mobilizar
para defender a Justiça na Câmara
e evitar a cassação dos petistas.
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