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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT x PSDB
Partido argumenta que regimento da Assembléia é inconstitucional; para líder do governo tucano, objetivo dos petistas é desviar foco
PT vai ao STF para criar CPIs contra Alckmin
MARCELO SALINAS
RODRIGO RÖTZSCH
DA REDAÇÃO
O PT questiona no STF uma
norma da Assembléia Legislativa
paulista que dificulta a criação de
CPIs. A Ação Direta de Inconstitucionalidade apresentada ontem
pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini, pede a suspensão do
dispositivo do regimento interno
da Casa que estabelece que o pedido de CPI precisa ser aprovado
pela maioria do plenário.
Na avaliação do PT, essas normas ferem a Constituição Federal,
que fixa como critério para a criação de CPIs a assinatura de um
terço dos deputados, que seja
criada para investigar um fato determinado e que tenha um prazo
fixo para realizar seus trabalhos.
"Há 61 pedidos de CPIs parados
na Assembléia Legislativa, como
os relacionados aos problemas na
administração da Febem. A CPI é
constitucionalmente um instrumento de fiscalização das minorias parlamentares. Essa norma
da Assembléia coloca-a como um
instrumento da maioria, ou seja,
da situação", afirmou o deputado
petista Cândido Vaccarezza.
Ele reclama ainda do prazo mínimo de 24 horas efetivas de discussão do requerimento de criação da CPI. "Isso leva em média
de dez a 20 sessões para ser cumprido", calcula o deputado.
O líder do governo Alckmin na
Assembléia, Edson Aparecido
(PSDB), diz que o PT não tem razão. "Acho que é mais um erro do
PT. Sob o ponto de vista jurídico,
a Constituição do Estado remete
ao regimento da Assembléia, que
exige, para a criação das CPIs, a
aprovação da maioria."
Aparecido diz que o PT faz uso
de um "mecanismo incorreto" ao
recorrer ao Judiciário para tomar
decisões no Poder Legislativo. "É
absolutamente errado, uma visão
incorreta das relações entre os Poderes." Recentemente, o ex-deputado federal petista José Dirceu
(SP) recorreu ao STF (Supremo
Tribunal Federal) para questionar
atos da Câmara no processo de
cassação de seu mandato.
O líder do governo ainda questionou a necessidade de instalação de CPIs. "A Assembléia avalia
que não existe nenhum fato objetivo que nos leve a instalar CPIs. É
uma questão política. O PT nacional tenta tirar o foco dos seus problemas tentando instaurar CPIs
aqui." O governador Geraldo
Alckmin é pré-candidato do
PSDB à Presidência em 2006.
O presidente da Assembléia,
Rodrigo Garcia (PFL), concorda
com a reclamação do PT. Ele avalia que, segundo as normas atuais,
é quase impossível que as minorias instalem CPIs.
"Concordo que os dispositivos
atuais da norma regimental não
reconhecem a CPI como instrumento da minoria parlamentar, e
o STF já decidiu, em consultas anteriores, que esse recurso deve ser
facultado às minorias", disse Garcia. "Eu mesmo já apresentei um
projeto de resolução para propor
essa mudança no regimento interno", completou.
"Queremos que o que vale no
Congresso Nacional valha para a
Assembléia paulista", resumiu
Vaccarezza. A CPI dos Correios
foi prorrogada, no mês passado,
com a assinatura de exatamente
um terço da Câmara.
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