São Paulo, domingo, 4 de janeiro de 1998.




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LEGISLATIVO
Pesquisa Datafolha mostra que um terço da população reprova o trabalho dos deputados e senadores
Congresso tem pior avaliação desde 1994

KENNEDY ALENCAR
Editor do Painel

A atual safra de congressistas terminou 1997 com a pior avaliação desde que foi eleita em 1994, revela pesquisa Datafolha.
O Congresso foi considerado ruim ou péssimo por 32% dos entrevistados. Trata-se da maior taxa de reprovação desde a primeira avaliação nesta legislatura, em setembro de 1995, quando Câmara e Senado receberam 28%. O índice de ótimo ou bom é o menor desde aquela data. Caiu de 22% para 16%.
Tem se mantido estável a parcela que considera o trabalho dos parlamentares regular. Em setembro de 1995, era de 40%. Atingiu o pico em dezembro de 1996, com 45%. E agora está em 43%.
Na hora em que se compara, porém, a última avaliação do Congresso com a expectativa da população antes da posse, os dados são devastadores para os atuais deputados federais e senadores.
Em dezembro de 1994, logo após a eleição, 42% tinham a esperança de que o desempenho do Congresso seria ótimo ou bom. E apenas 12% previam performance ruim ou péssima. Um trabalho regular era esperado por 34%.
O efeito FHC
Os mais críticos em relação ao parlamentares são os que reprovam o desempenho do presidente Fernando Henrique Cardoso -51% de ruim ou péssimo. Na sequência vêm os mais escolarizados (48%), os que acham o Real ruim para a sua vida (42%), os de maior renda (38%) e os homens (36%).
A avaliação negativa obtida junto aos mais ricos e aos mais instruídos, segmento chamado "formador de opinião", pode estar relacionada ao fato de as reformas administrativa e da Previdência, vendidas na campanha eleitoral de 1994 como fundamentais para a estabilidade econômica, estarem tramitando no Congresso desde 1995, com sucessivas paralisias e ocasionais avanços.
No julgamento dos que estão ao mesmo tempo insatisfeitos com o governo FHC e com o Congresso, talvez tenha pesado o fato de que, por mais um ano, o Legislativo federal continuou a reboque de uma agenda ditada pelo Executivo.
Os maiores feitos do Congresso em 97 foram aprovar a emenda da reeleição, numa tramitação relâmpago entre janeiro e abril. E acelerar no final do ano a tramitação das reformas administrativa e da Previdência, após a ameaça, feita pelo governo, de que a crise asiática poderia destruir o Plano Real.
Mais uma semelhança entre as avaliações do governo, do presidente e do Congresso: expressivas taxas de ótimo ou bom vêm dos que aprovam FHC (27%) e o Real (20%), além dos moradores do interior (18%), área em que FHC colhe seus melhores resultados.
Nas regiões metropolitanas, 34% reprovam o Parlamento -com destaque para os habitantes do Rio de Janeiro e de Recife, 38% cada.
Os Estados do Paraná, da Bahia e do Ceará são os que mais aprovam seus parlamentares -22% cada. O índice de ótimo ou bom entre os mais jovens (de 16 a 24 anos) está em 21%. O menos escolarizados e com menor renda familiar mensal dão avaliação positiva de 18% e 17%, respectivamente.
Enquanto os simpatizantes do PMDB e do PFL, com 21% cada, são os que dão os maiores índices de ótimo ou bom, 39% dos que se identificam com o PT acham os parlamentares ruins ou péssimos.
Na hora de escolher uma nota para o Congresso Nacional, a média ficou em 4,5. A nota zero foi dada por 14%; e a nota 10, a máxima, por apenas 3%.


A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade, com sorteio aleatório dos entrevistados. O conjunto da população acima de 16 anos é tomada como universo da pesquisa e dividido em quatro subuniversos, que representam as regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte/Centro-Oeste. Em cada subuniverso os municípios são agrupados de acordo com a localização e o nível socioeconômico. Dentro de cada grupo são sorteados municípios estratificados pelo porte correspondente. Por meio de um processo de sorteios sucessivos, chega-se ao bairro, à rua e ao indivíduo. Desta forma, a pesquisa fornece resultados para o Brasil, regiões, porte e natureza dos municípios, que podem ser generalizados dentro de certos limites estatísticos. Neste levantamento, realizado entre 15 e 17 de dezembro de 1997, foram entrevistadas 13.437 pessoas em 374 municípios de todas as unidades da Federação. A margem de erro decorrente desse processo de amostragem é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95%. Esta pesquisa é uma realização da Gerência de Pesquisas do Datafolha.



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