São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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Palocci relativiza papel da economia

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse na reunião ministerial de ontem que a política monetária seguirá em 2003 igual à de FHC, mas que isso não significa que ela será a linha central do governo. Segundo ele, a prioridade é a ação social.
Segundo a Folha apurou, o recado de que a macroeconomia não pode presidir o país, uma crítica do PT ao governo FHC, foi dado por Palocci a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula abriu a reunião e pediu que Palocci fosse o segundo a falar. A intenção é mostrar à equipe que seu ministro da Fazenda não será um clone do antecessor, Pedro Malan, e que a área econômica dará espaço à área social, ainda que haja pouca margem de manobra no Orçamento.
Mais: na reunião, foi defendida a criação de metas sociais para os gastos orçamentários. A idéia é antiga no PT e sempre esbarrou na dificuldade de encontrar um sistema de aferição de resultado. Há enorme dificuldade em fixar metas sociais em alguns casos, como o retorno de gastos em segurança pública e aferir o impacto de programas que dão dinheiro diretamente aos beneficiários. Por isso, a discussão não foi conclusiva. Lula quer que o ministro do Planejamento, Guido Mantega, prepare a proposta orçamentária de 2004 já com metas sociais.
Após a fala de Palocci, ministros pediram que ele redigisse um documento com base no discurso.
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Furlan, se disse otimista quanto ao aumento das exportações. O colega do Turismo, Walfrido Mares Guia, defendeu a criação de um banco de dados para integrar as ações da pasta.
O ministro do Combate à Fome e da Segurança Alimentar, José Graziano, falou do Fome Zero. Foi uma espécie de apresentação do programa. Em uma platéia grande, ele preferiu não abordar detalhes da proposta de incluir meta social no acordo fechado em agosto com o Fundo Monetário Internacional. O governo debate o assunto, como revelou a Folha.
A idéia é incluir a verba prevista este ano para o Fome Zero, cerca de R$ 2,5 bilhões, nas despesas financeiras. Isso não afetaria a meta de 3,75% de superávit primário de 2003 acertada com o Fundo.
A informalidade marcou a reunião. Logo no começo do encontro, Lula quebrou o formalismo e disse que entre ele e os ministros o tratamento não se daria por "Excelência" ou "senhor", mas sim por "companheiro". Todos aderiram ao estilo "popular" de Lula. Após a reunião, o Planalto confirmou que Lula recebe no dia 14 o presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, e no dia seguinte irá para o Equador para a posse do presidente Lucio Gutierrez.


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