São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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Auxílio do Exército é disputado por Esporte, Educação e Fome Zero

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em contraste com a crescente escassez de recursos do Exército, que em 2002 levou à dispensa antecipada de 44 mil recrutas, cresce a demanda em relação a essa Força por parte dos novos ministros, principalmente na área social.
Questionado a esse respeito, o novo comandante do Exército, Francisco Roberto de Albuquerque, afirmou que as ações de sua Força são decorrentes das prioridades do governo. "Nós vamos estudar as nossas possibilidades e vamos apoiá-los [os ministros da área social" dentro do que for possível", disse.
O ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, disse que iria propor ao Exército o uso de quartéis para realização de atividades esportivas. O ministro extraordinário do Combate à Fome e da Segurança Alimentar, José Graziano, quer a participação do Exército no programa Fome Zero. O ministro da Educação, Cristovam Buarque, propôs a participação do Exército no combate ao analfabetismo.
Além disso, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que o Exército poderia ter participação mais efetiva na fiscalização das fronteiras em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O governo do Rio de Janeiro, por sua vez, pede colaboração na área de segurança pública.
Sobre a proposta de Agnelo Queiroz, Albuquerque afirmou que é uma questão de negociar. "Nós temos de fazer a nossa segurança, mas isso não impede que nós recebamos dentro dos nossos quartéis a sociedade, como nós sempre fizemos."
Ele disse que o Exército vai manter suas ações complementares. Quanto ao Fome Zero, lembrou que o Exército já atua no combate à fome no Nordeste, distribuindo alimentos.
"Eles [os ministros da área social" vão direcionar essas necessidades para o planejamento deles. Se o Fome Zero é o projeto prioritário, nós estaremos em condições de colaborar", disse. Sobre a proposta de Bastos, disse que é preciso conversar.
Um pedido já descartado é o de atuação na área de segurança pública no Rio. "As Forças Armadas têm uma destinação constitucional de defesa da nossa soberania. Não têm função policial. Só poderiam assumir funções internas de acordo com as normas vigentes em situações excepcionais de duração limitada no espaço e no tempo", disse o ministro da Defesa, José Viegas. Questionado sobre o assunto, Albuquerque repetiu a resposta do ministro.
Albuquerque afirmou ter certeza de que as Forças Armadas serão valorizadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ele [Lula" constantemente vem dizendo que quer dar atenção às Forças Armadas, e nós temos certeza de que, ao dizer isso, essa é realmente a intenção dele."
Segundo ele, o adiamento da licitação para a compra de caças da Força Aérea não indica que poderá haver cortes também no Exército. Sobre sua expectativa de comandar o Exército no governo de um presidente considerado de esquerda, disse: "Nosso trabalho não tem diferença. Nós vamos continuar trabalhando. O governo vai dizer quais são as suas diretrizes, nós vamos nos adaptar a elas e vai dar tudo certo".
(WS)


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