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Auxílio do Exército é disputado
por Esporte, Educação e Fome Zero
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em contraste com a crescente
escassez de recursos do Exército,
que em 2002 levou à dispensa antecipada de 44 mil recrutas, cresce
a demanda em relação a essa Força por parte dos novos ministros,
principalmente na área social.
Questionado a esse respeito, o
novo comandante do Exército,
Francisco Roberto de Albuquerque, afirmou que as ações de sua
Força são decorrentes das prioridades do governo. "Nós vamos
estudar as nossas possibilidades e
vamos apoiá-los [os ministros da
área social" dentro do que for possível", disse.
O ministro do Esporte, Agnelo
Queiroz, disse que iria propor ao
Exército o uso de quartéis para
realização de atividades esportivas. O ministro extraordinário do
Combate à Fome e da Segurança
Alimentar, José Graziano, quer a
participação do Exército no programa Fome Zero. O ministro da
Educação, Cristovam Buarque,
propôs a participação do Exército
no combate ao analfabetismo.
Além disso, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse
que o Exército poderia ter participação mais efetiva na fiscalização
das fronteiras em Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul. O governo
do Rio de Janeiro, por sua vez, pede colaboração na área de segurança pública.
Sobre a proposta de Agnelo
Queiroz, Albuquerque afirmou
que é uma questão de negociar.
"Nós temos de fazer a nossa segurança, mas isso não impede que
nós recebamos dentro dos nossos
quartéis a sociedade, como nós
sempre fizemos."
Ele disse que o Exército vai
manter suas ações complementares. Quanto ao Fome Zero, lembrou que o Exército já atua no
combate à fome no Nordeste, distribuindo alimentos.
"Eles [os ministros da área social" vão direcionar essas necessidades para o planejamento deles.
Se o Fome Zero é o projeto prioritário, nós estaremos em condições de colaborar", disse. Sobre a
proposta de Bastos, disse que é
preciso conversar.
Um pedido já descartado é o de
atuação na área de segurança pública no Rio. "As Forças Armadas
têm uma destinação constitucional de defesa da nossa soberania.
Não têm função policial. Só poderiam assumir funções internas de
acordo com as normas vigentes
em situações excepcionais de duração limitada no espaço e no
tempo", disse o ministro da Defesa, José Viegas. Questionado sobre o assunto, Albuquerque repetiu a resposta do ministro.
Albuquerque afirmou ter certeza de que as Forças Armadas serão valorizadas pelo governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ele [Lula" constantemente
vem dizendo que quer dar atenção às Forças Armadas, e nós temos certeza de que, ao dizer isso,
essa é realmente a intenção dele."
Segundo ele, o adiamento da licitação para a compra de caças da
Força Aérea não indica que poderá haver cortes também no Exército. Sobre sua expectativa de comandar o Exército no governo de
um presidente considerado de esquerda, disse: "Nosso trabalho
não tem diferença. Nós vamos
continuar trabalhando. O governo vai dizer quais são as suas diretrizes, nós vamos nos adaptar a
elas e vai dar tudo certo".
(WS)
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