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Governo dos EUA diz que decisão não interfere nas relações com o Brasil
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
A decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva de postergar até
2004 a licitação para a compra de
12 caças FX pode esfriar a escalada
armamentista na região iniciada
em 2001, quando os EUA autorizaram o Chile a comprar dez caças F-16 de alta performance.
Anteriormente, esses jatos, considerados de última geração, não
podiam ser exportados para a
América Latina por diretriz da
Casa Branca. Desde a aquisição
chilena, militares brasileiros, peruanos e chilenos mostram-se
preocupados com um eventual
desequilíbrio bélico na região e
pressionam seus governos a realizarem aquisições semelhantes.
O fabricante dos F-16 chilenos é
a Lockheed Martin, mesma companhia que concorre à licitação
brasileira suspensa por Lula.
Departamento de Estado
Oficialmente, os EUA disseram
ontem que a decisão do governo
Lula não interfere na relação entre
os dois países.
"Cabe ao governo brasileiro tomar suas próprias decisões considerando suas prioridades", afirmou à Folha Charles Barclay,
porta-voz do Departamento de
Estado americano.
Barclay não quis comentar o
impacto da decisão brasileira sobre a relação entre os países e uma
possível corrida armamentista na
América Latina.
Interesses americanos
De acordo com analistas americanos, a sobriedade americana
tem vários motivos.
O principal deles é que a decisão
brasileira pode reduzir tensões
nas Forças Armadas de outros
países sem que os interesses comerciais americanos sejam diretamente prejudicados: depois do
acordo entre a Embraer e a empresa francesa Dassault, a americana Lockheed Martin avalia não
ter chances de ganhar a licitação
brasileira.
A suspensão da licitação foi
anunciada pelo ministro da Defesa, José Viegas. Segundo o ministro, o início do novo governo vai
caracterizar-se pela canalização
dos recursos ao combate à fome.
Nesse contexto, a compra dos
aviões deixou de ser prioritária
nesse primeiro momento.
Sem entrar no mérito da decisão brasileira, Barclay fez questão
de lembrar que os EUA apreciam
seriamente a intenção de Lula de
"elevar a qualidade de vida dos
brasileiros".
A declaração reforça a postura
americana de elogiar Lula e evitar
conflitos que possam contaminar
a onda positiva que caracteriza as
relações bilaterais depois do encontro entre o presidente brasileiro e George W. Bush.
Fidel
Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, disse que os EUA não vêem
como problema a presença marcante dos presidentes cubano, Fidel Castro, e venezuelano, Hugo
Chávez, na posse do brasileiro.
Desafetos de Washington, os
dois encontraram-se a sós com o
presidente brasileiro.
"Não cabe ao governo americano comentar com quem pessoas
estiveram acompanhadas numa
refeição", disse Boucher. "Temos
excelentes relações com o Brasil",
afirmou o porta-voz.
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