|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministro responde processo por declarações feitas contra ex-prefeito na campanha eleitoral
Motta reafirma no STF críticas a Maluf
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O ministro Sérgio Motta (Comunicações) tentou ontem inverter o jogo na queixa-crime
movida pelo ex-prefeito Paulo
Maluf (PPB) contra ele, no STF
(Supremo Tribunal Federal).
Motta afirmou serem verdadeiras ``todas'' as críticas que fez
ao ex-prefeito de São Paulo, durante a campanha municipal.
Ele se dispôs a prová-las com
documentos, testemunhas e perícias técnicas a serem executadas em obras executadas por Maluf durante sua gestão.
Declarações
O ex-prefeito acusa Motta de
calúnia, injúria e difamação
-crimes previstos na Lei de Imprensa- por declarações que o
ministro realizou em 11 entrevistas a emissoras de TV e rádio e à
Folha.
Os advogados do ministro
-José Roberto Batochio e Reginaldo de Castro- protocolaram
no STF um documento contendo 89 páginas com as explicações
formais.
A defesa procurou desqualificar a queixa-crime. Teria faltado
precisão à denúncia e notificação
aos meios de comunicação citados, o que é exigido pelo Código
de Processo Penal e pela Lei de
Imprensa.
O documento afirma
que as críticas foram feitas a Paulo
Maluf, na
condição de
homem público, o que
impediria a
ação penal
privada pretendida pelo
ex-prefeito
paulistano.
Além das contestações jurídicas, Sérgio Motta também apresentou alegações políticas para
as acusações, feitas entre setembro e novembro do ano passado.
O ministro reafirmou algumas
declarações, mas também sustentou que ele não pode se recordar ``de cada palavra que empregou em seus encontros com os
órgãos de imprensa''.
Segundo ele, Paulo Maluf teria
vestido a ``carapuça'', ao entender que sua honra foi ferida em
uma entrevista em que Motta fala sobre um fictício político ``pilantra''.
A declaração de Motta,
na época, foi
a seguinte:
``Não estou
dizendo que
ele (Maluf)
seja um pilantra, mas
eu sou um pilantra até os
55 anos, depois fico honesto... Isso é
um escárnio
para o povo''.
O ministro das Comunicações
também reafirmou a comparação entre o escândalo que afastou o ex-presidente Fernando
Collor do cargo e o caso Paubrasil, o esquema de financiamento
das campanhas eleitorais de Maluf a governador, em 1990, e a
prefeito, em 1992.
Sérgio Motta repetiu as críticas
a projetos da gestão do ex-prefeito, como o Cingapura, na área
habitacional, e a eventual superfaturamento em obras, particularmente a construção de túneis
como o Ayrton Senna.
``Malufar''
Em suas explicações ao STF, o
ministro também voltou a citar o
verbo ``malufar''.
Segundo ele, essa expressão
``passou a integrar o glossário
político brasileiro''.
Outra acusação reafirmada é
que Paulo Maluf deixou uma dívida em torno de R$ 6 bilhões ao
deixar a prefeitura.
``Trata-se de uma realidade
matemática e contábil.''
As informações prestadas por
Sérgio Motta serão analisadas
pelo ministro Maurício Corrêa,
escolhido relator por sorteio.
Caberá ao plenário do STF decidir sobre a abertura da ação penal privada, depois de receber
parecer do Ministério Público.
A Lei de Imprensa prevê pena
de prisão para os crimes de calúnia (atribuição falsa de crime),
difamação (ofensa à reputação) e
injúria (ofensa à dignidade e ao
decoro).
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|