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SISTEMA FINANCEIRO
Pedido prevê ainda pensão vitalícia; dinheiro sairia do Tesouro
Réus do Nacional buscam
indenização de R$ 32 mi
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Condenados no mês passado
em primeira instância por fraudes
no Banco Nacional, Nagib Antônio e Clarimundo Sant"Anna cobram, pelos serviços prestados ao
banco, indenizações na Justiça do
Trabalho de R$ 32 milhões, mais
pensão vitalícia de R$ 63 mil e R$
60 mil por mês, respectivamente.
Se ganharem o que pedem,
quem pagará a conta é o Tesouro
Nacional. Ou seja, o contribuinte.
Os valores pedidos superam em
R$ 4,65 milhões as multas aplicadas a 14 ex-dirigentes do banco
pelo juiz Marco André Bizzo Moliari, da 1ª Vara Federal do Rio,
por conta dos desvios no banco.
Nagib Antônio já venceu em segunda instância. Teve asseguradas pelos juízes da Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro praticamente todas as exigências que fez.
Ivan Paes Soares, outro ex-dirigente, entrou na Justiça pela mesma razão que Nagib e também ganhou em segunda instância.
As chances de os ex-diretores
garantirem os benefícios em última instância parecem, portanto,
grandes até agora. Paes Soares pede R$ 4,789 milhões, mais pensão
vitalícia de R$ 17 mil por mês.
A gestão de Nagib e Sant"Anna,
compartilhada com os outros ex-dirigentes, deixou prejuízo de R$
15,460 bilhões (em valores atualizados) -o maior rombo de uma
instituição financeira na história
recente do país. Quando o Banco
Central interveio na instituição,
dividiu-a em duas. Assumiu a
parte podre, pondo-a em liquidação extrajudicial. O Unibanco
comprou a parte boa. A gestão do
passivo (o prejuízo) é responsabilidade do BC. Assim, todas as despesas da massa em liquidação, como as indenizações trabalhistas,
são pagas pelo Tesouro.
Benefício trabalhista
Nagib e Sant"Anna reivindicam
o pagamento de 13º salário, férias,
horas extras, atualização do saldo
do FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) e complementação de aposentadoria relativos
ao período em que ocuparam cargo de diretor estatutário.
De acordo com o diretor de Finanças Públicas do BC, Carlos
Eduardo de Freitas, a Lei das Sociedades Anônimas estabelece
que os benefícios regidos pela
CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho) -o que pedem Nagib
e Sant"Anna- ficam suspensos
para dirigentes estatutários. Segundo Freitas, eles ganham como
se fossem sócios da empresa, recebem pró-labore (remuneração
por serviços prestados) e bônus.
Nagib Antônio perdeu em primeira instância, mas recorreu e
obteve decisão favorável. O processo de Sant"Anna ainda não foi
julgado. Soares ganhou em primeira e segunda instâncias. O BC
recorreu das decisões.
O caso de Nagib deve ser julgado pelo TST (Tribunal Superior
do Trabalho) neste mês. A indenização pedida por ele é a maior das
três: R$ 18,181 milhões. Sant"Anna
cobra R$ 13,859 milhões. Nos três
casos, os valores estão corrigidos.
Comando
Nagib e Sant"Anna eram vice-presidentes do Nacional. Nagib
comandou a área de recuperação
de crédito. Entrou no banco em
62 e saiu em 95, quando a instituição estava sob intervenção do BC.
Ocupou cargo de direção entre 89
e 95. Foi condenado a 21 anos e
quatro meses de prisão. A multa
aplicada a ele foi de R$ 197,28 mil.
Sant"Anna foi executor confesso
das maquiagens nos balanços da
instituição, que serviram para
acobertar 652 contas fictícias que
resultaram em um rombo de R$
9,2 bilhões em 95. Era o braço direito de Marcos Magalhães Pinto.
Trabalhou 39 anos no banco, dos
quais 20 como diretor. Foi condenado a 25 anos e quatro meses de
prisão, mais multa de R$ 203 mil.
Ivan Paes Soares, apesar de ter
ocupado o cargo de diretor do
Departamento Jurídico do banco
na mesma época em que Nagib e
Sant"Anna eram vice-presidentes
da instituição, não foi indiciado.
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