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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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O DIA EM QUE A TERRA PAROU

Moradores espalham faixas vermelhas pelas ruas de Guaribas e pedem água e saneamento básico

Cidade vive feriado na estréia de Fome Zero

Flávio Florido/Folha Imagem
Ministros chegam de helicóptero ao campo de futebol de Guaribas, no Piauí, onde foi lançado ontem o programa Fome Zero


DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARIBAS

Vestidos com "roupas de domingo", moradores de Guaribas tiveram de sair correndo do local onde pousaram, ontem, os helicópteros que transportaram a comitiva de quatro ministros e o governador do Piauí, Wellington Dias (PT) para o lançamento do Fome Zero na cidade.
Foi a primeira vez que os moradores viram helicópteros de perto -quatro desceram no campo de futebol da cidade, que tem chão de terra.
"É bonito demais esse helicóptero", disse Rosalina Correia Matias, 10. A visita foi uma espécie de feriado na cidade, e a menina pôde descansar do trabalho que faz todos os dias, como carregar água e lenha na cabeça.
Ninguém pôde chegar perto das aeronaves. Pelo contrário, a chuva de poeira causada pelas hélices ao se aproximarem do chão fez com que os moradores saíssem correndo para longe do campo, para se proteger da forma que fosse possível. Guarda-chuvas e toalhas foram levados por algumas pessoas por causa do sol e da poeira.
Quando os helicópteros aterrissaram, porém, todos saíram novamente correndo, desta vez para chegar perto dos políticos, principalmente do governador do Estado e do ministro Ciro Gomes (Integração Nacional).
Um equipe de cinegrafistas acompanhava tudo para fazer um documentário do programa Fome Zero. Ciro foi o mais assediado. Recepcionado com gritos, distribuiu autógrafos, beijos e tirou fotos, como na época da campanha eleitoral do ano passado, quando concorreu à Presidência da República.
O palanque foi improvisado na carroceria de dois caminhões. Camisetas e bonés azuis da Caixa Econômica Federal foram distribuídos antes da chegada da comitiva, e a maioria dos moradores estava uniformizada.
As ruas foram enfeitadas com faixas vermelhas, feitas pelo governo do Estado, com frases do tipo "Fome Zero, Piauí, dez" ou "Quem tem fome tem pressa". Faixas produzidas pela própria comunidade pediam melhorias na estrada, abastecimento de água e saneamento básico.
Romarias de pessoas seguiam os políticos para pedir ajuda. Jordilina Correia Matias, 54, mãe de onze filhos, queria pedir para ser incluída no Fome Zero. Alguns entregaram cartas aos ministros, outros levavam crianças doentes para eles abraçarem.
"Agora as coisas vão melhorar, tenho fé nisso", disse Claudete Correia da Silva, 25, que teve sua casa visitada pelos ministros e pelo governador.


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