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Volta de Lula tira Dirceu de cena
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nos dois dias de expediente do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que retornou do exterior, o ministro José Dirceu (Casa
Civil) recolheu-se aos bastidores.
Na semana passada, a Folha revelou que o presidente estava incomodado com o estilo de atuação de Dirceu na sua ausência e
que o enquadraria.
Anteontem, depois de reunir
dez ministros para tratar de medidas emergenciais e de médio prazo para diminuir os danos causados pelas enchentes no país, ficou
acertado que o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) daria
entrevista em nome do grupo.
Foi um claro sinal de Lula para
Dirceu. O ministro da Casa Civil é
quem normalmente dá entrevistas após reuniões desse tipo. Em 9
de janeiro, foi ele quem falou com
a imprensa na seqüência de uma
reunião sobre infra-estrutura.
Ontem, Dirceu não compareceu
a duas cerimônias em que esteve o
presidente. De manhã, ao comemorar um ano da recriação do
Consea e do lançamento do Fome
Zero, Lula discursou num ato
cheio de ministros. Dirceu foi representando pelo secretário-executivo, Swedenberger Barbosa.
À tarde, num culto ecumênico
na Catedral de Brasília em homenagem aos três fiscais do Ministério do Trabalho assassinados em
Minas Gerais na semana passada,
Dirceu foi a ausência notada.
A Folha apurou que, depois que
voltou do exterior, Lula falou com
Dirceu e reiterou sua função de
gerente "para dentro do governo". Pediu ainda que ele seja mais
discreto, sob pena de se indispor
com outros ministros ao transmitir a imagem de interventor.
O fato é que o presidente ficou
incomodado com o estilo de Dirceu durante alguns dos dias em
que esteve no exterior. O ministro
se comportou como chefe de governo, dando declarações que
atropelaram os seus colegas.
A contrariedade de Lula com
Dirceu se deveu mais ao estilo do
que ao conteúdo das decisões.
Além de acalmar o mercado e
reiterar a força do ministro da Fazenda, a entrevista coletiva de Antonio Palocci Filho dada ontem
também serviu para mostrar para
consumo externo que Dirceu não
vai interferir na área econômica.
Causaram desconforto no Palácio do Planalto as declarações dos
políticos do PTB dando conta de
que Dirceu acertara a indicação
do ex-deputado Benito Gama
(BA) para a direção da Susep (Superintendência de Seguros Privados), lotada na Fazenda. Palocci
resiste à indicação do nome.
Nessa disputa, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro
atua em defesa de Dirceu. Espécie
de "primeiro-amigo" de Dirceu,
Almeida Castro convenceu o senador ACM (PFL-BA) a não
bombardear Benito, seu desafeto.
(KENNEDY ALENCAR)
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