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Procuradoria de Justiça pedirá à
CPI cópia de documentos do BC
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
O procurador-geral de Justiça de
São Paulo, Luiz Antônio Guimarães Marrey, vai pedir à CPI do Senado cópia de todos os documentos do Banco Central sobre suposta irregularidade na venda de títulos na administração Paulo Maluf.
Se comprovados os indícios de
irregularidades, a Procuradoria de
Justiça pretende abrir inquérito
para punir os responsáveis por
eventuais danos aos cofres públicos. A investigação abrangerá todo
o Estado de São Paulo.
As supostas irregularidades da
administração Maluf podem ser
objeto de uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo. O vereador
José Eduardo Martins Cardozo
(PT) já tem requerimento de CPI
assinado por 41 dos 55 vereadores.
``Estamos diante de um dos
maiores escândalos financeiros já
praticados em São Paulo'', diz Cardozo. ``A Câmara tem obrigação
de apurar isso.'' Ele quer a contratação de uma empresa de auditoria
para ajudar na apuração do caso.
As assinaturas ao requerimento
de CPI foram obtidas no final do
ano passado, durante rebelião dos
vereadores da base de apoio de
Maluf-Celso Pitta. Para Cardozo, o
documento vale para este ano.
``Há base regimental para isso.''
A Folha tentou falar ontem com
o vereador Miguel Colassuono,
que foi líder do governo Maluf na
Câmara.
Ele não estava em seu gabinete,
no escritório, nem em casa. Maluf
também não quis falar.
O líder do PT na Câmara, Devanir Ribeiro, disse que, se comprovada mesmo a irregularidade, Pitta poderá ser enquadrado na lei
201/67, que responsabiliza autoridades por malversação de dinheiro
público. A lei pode atingir Maluf.
``O secretário não faz nada sem a
autorização do prefeito'', diz Ribeiro. Na época da operação, Pitta
era secretário das Finanças. ``Mas
é o prefeito o responsável por todos os atos de seu secretariado.''
A suposta irregularidade envolvendo a administração Maluf teve
repercussão ontem na base de
apoio malufista no Congresso. O
deputado Arnaldo Faria de Sá
(PPB-SP) não acredita que o episódio possa prejudicar os planos futuros de Maluf.
Para Sá, cabe a Pitta dar explicações sobre o caso. ``Quem era o secretário das Finanças era o Pitta'',
afirmou. ``Ele tem que esclarecer
tudo'', declarou.
``Já fui secretário de Maluf e sei
que ele é o tipo de prefeito que dá
tarefas a um secretário e não quer
saber como você cumpre'', afirmou. O deputado Pauderney Avelino (PPB-AM) tem outra opinião
sobre a venda dos títulos.
``Se eu fosse prefeito ou governador e se um secretário meu fizesse alguma coisa que eu não soubesse, eu o demitiria'', afirmou
Avelino. ``Antes de fazer qualquer
ato, o secretário tem que dar ciência ao prefeito'', disse o deputado.
A Folha apurou que há preocupação entre os malufistas em preservarem ao máximo a imagem do
ex-prefeito. Embora tenha falado
sobre o caso no início das investigações, a ordem agora é evitar declarações.
A assessoria do ex-prefeito informou que a entrevista dada ontem
por Pitta à Folha era suficiente para explicar o caso. Segundo a assessoria, também seria publicada
uma nota nos jornais de hoje sobre
o episódio.
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