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PRIVATIZAÇÃO
Crítica de Gros atinge o BNDES, acionista de 3 companhias
Estado ainda participa de
24 empresas privatizadas
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
Levantamento feito pela Folha
mostrou que o setor estatal e paraestatal tem participação significativa (acima de 5%) no capital
votante (ações ordinárias) de pelo
menos 24 empresas privatizadas
pelos governos federal e estaduais. Os dados são da época em
que cada privatização foi feita.
O setor paraestatal é composto
pelos fundos de pensão de estatais. Embora sendo entidades de
direito privado, eles são patrocinados pelas estatais às quais estão
vinculados. Um desses fundos, a
Refer (empregados da Rede Ferroviária Federal), chegou a comprar sozinho, em 1991, o controle
de uma privatizada, a Mafersa.
Anteontem, o novo presidente
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), Francisco Gros, disse que
o Brasil não pode "brincar de privatizar" e nem fazer "privatização
de fachada", em referência à participação estatal no controle de
empresas já privatizadas.
Gros incluiu na sua crítica o
próprio BNDES, os fundos de
pensão de estatais e a Petrobras.
Ele disse que não vê lógica no fato
de a estatal seguir participando da
petroquímica após a privatização.
A direção da Petrobras não quis
se pronunciar sobre as críticas.
No setor elétrico, o Banco do
Brasil e a Previ (fundo de pensão
dos empregados do BB) têm, juntos, participação de 57,3% na
Guaraniana, que controla as distribuidoras de energia da Bahia e
do Rio Grande do Norte. Entraram também no leilão da Celpe, a
distribuidora de Pernambuco.
Desde 91, foram feitos 111 leilões
de privatização, incluindo vendas
de participações minoritárias no
setor petroquímico e excluindo as
concessões novas de telefonia.
De acordo com o levantamento
feito pela Folha, o próprio
BNDES, por meio da sua subsidiária BNDESPar (BNDES Participações), está no grupo de controle de três empresas privatizadas: Light, com 9,2% do capital
votante; Vale do Rio Doce, com
5%; e Telemar, com 25%.
No caso da Light, a BNDESPar
entrou no leilão para evitar o fracasso da operação. O BNDES pretende vender essa participação no
dia 14 deste mês, com um preço
mínimo de R$ 506 milhões.
Petrobras
A Petrobras sempre relutou em
sair da petroquímica. Embora tenha vendido todas as participações minoritárias nas empresas
de segunda geração do setor (fabricantes de plásticos e resinas),
continuou sendo acionista das
três centrais de produtos básicos.
Por meio da Petroquisa, ela detém 15% do capital votante da Copene (Companhia Petroquímica
do Nordeste), 15% da Copesul
(Companhia Petroquímica do
Sul) e 17,5% do capital votante da
PQU (Petroquímica União).
Após as privatizações, a estatal
entrou nos dois projetos novos
que surgiram, o pólo gás químico
do Rio e um pólo petroquímico
em Paulínia (SP), este último em
parceria com o grupo Odebrecht.
Nos dois projetos, a participação
da estatal deverá ser de 30%.
Os fundos de pensão, especialmente a Previ, tiveram participação decisiva no programa de privatização. A Previ tem participações em 14 das 24 empresas listadas pela Folha como as privatizadas com participação significativa
de capital estatal ou paraestatal.
No setor siderúrgico, ela está presente em 4 das 6 maiores usinas.
Muitas tentativas já foram feitas
para impedir a participação dos
fundos nos leilões, mas o próprio
governo convoca os fundos a entrar nos leilões quando a operação corre o risco de fracassar.
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