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ANÁLISE
Atuação da
União ajuda
descontrole
GUSTAVO PATÚ
Secretário-assistente de Redação
Os adiantamentos concedidos pela Petrobras mostram
que boa parte da responsabilidade pelo descontrole das finanças dos Estados é do governo federal -que, teoricamente, tenta há anos pôr as contas
estaduais em ordem.
Pela lógica, um governo só
pode gastar acima da receita se
tiver crédito, ou seja, se conseguir empréstimos para cobrir
seu déficit. No caso dos Estados, cronicamente deficitários
desde a queda da inflação, o
crédito praticamente secou.
Se prevalecesse apenas a regra do mercado, governadores
seriam forçados a reduzir despesas ou elevar receitas, por
exemplo reduzindo a concessão de incentivos fiscais.
Mas resta o bolso federal, em
que os critérios para o uso do
dinheiro são influenciados pelas conveniências políticas.
Nos últimos anos, houve
uma renegociação das dívidas
estaduais, com subsídios da
União -ou, em português, o
dinheiro dos impostos ajudou
os Estados a pagar suas dívidas.
Funcionou assim: o governo
assumiu as dívidas estaduais
com bancos e outros credores;
os Estados ficaram de pagar à
União em até 30 anos, com juros baixos -operação tecnicamente defensável, pois a dívida
pública não se altera, apenas
muda de mãos.
A partir daí, o problema é garantir que os governadores
cumpram o combinado, isto é,
não aproveitar a folga no caixa
para gastar mais e tornar necessária uma nova renegociação de dívidas no futuro.
A solução encontrada foi a
Lei de Responsabilidade Fiscal,
que impõe regras para o gasto
público. Seria mais fácil, porém, se o governo federal, seus
bancos e suas estatais não continuassem financiando, formal
ou informalmente, os Estados.
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