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Senadores se dizem envergonhados
da Sucursal de Brasília
Senadores disseram ontem estar "envergonhados" com a decisão dos chefes dos três Poderes de
permitir que os maiores salários
do setor público cheguem a R$ 23
mil, cerca de 169 vezes o valor
atual do salário mínimo (R$ 136).
"Juro por Deus que tenho vergonha de discutir essa matéria",
afirmou Pedro Simon (PMDB-RS), em discurso no Senado.
"Estou envergonhado pela atitude do Legislativo, do Judiciário
e do Executivo brasileiros", disse
Roberto Requião (PMDB-PR).
Os senadores condenaram a
possibilidade de parlamentares e
funcionários do Executivo poderem acumular uma aposentadoria de até R$ 11,5 mil com um salário de igual valor, o que eleva o teto para R$ 23 mil. Para a líder do
bloco da oposição, Heloisa Helena (PT-AL), a medida é inconstitucional e seu partido poderá recorrer judicialmente contra ela.
Entre os deputados que poderão acumular salários de R$ 11,5
mil e aposentadorias estão o presidente da Câmara, Michel Temer
(PMDB-SP), e o relator da emenda que vai fixar o teto salarial, Vicente Arruda (PSDB-CE).
Temer tem uma aposentadoria
como procurador do Estado de
São Paulo. O maior salário entre
os procuradores é de R$ 12,5 mil.
A assessoria de imprensa da
presidência da Câmara afirmou
que o deputado é aposentado desde fevereiro de 1999, quando
completou 35 anos de serviço,
mas não soube precisar o valor.
Se a aposentadoria de Temer for
superior a R$ 11,5 mil, a parcela
excedente será cortada, mas o deputado assegurará rendimento
mensal de R$ 23 mil. Nos meses
de convocação extraordinária, ele
ficaria com rendimento de R$ 46
mil, ou 338 salários mínimos.
O relator Vicente Arruda recebe
R$ 6.000 como promotor aposentado do Estado do Ceará. Arruda
justificou ontem a aposentadoria.
"Tenho 65 anos e passei a minha
vida toda trabalhando. Por que eu
seria deputado federal se fosse
perder a minha aposentadoria?"
Para o deputado, "a imprensa
só quer acabar com o Congresso,
só esculhamba o Congresso. Com
o Executivo ninguém faz isso".
Segundo informações extra-oficiais transmitidas a ministros do
Supremo Tribunal Federal, entre
120 e 130 deputados teriam algum
tipo de aposentadoria como servidores públicos.
Os ocupantes de cargos de confiança também poderão acumular aposentadorias e salários. O
ministro Francisco Dornelles
(Trabalho) é aposentado como
procurador-geral da Fazenda,
com rendimento mensal de R$
6.500. Com o duplo teto, poderá
receber R$ 14,5 mil por mês.
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