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CRIME ORGANIZADO
Em três dias, integrantes da comissão dizem ter encontrado quadro que os deixou "perplexos"
CPI deixa 30 policiais afastados no PR
WAGNER OLIVEIRA
da Agência Folha, em Curitiba
Os integrantes da
CPI do Narcotráfico encerraram na
madrugada de ontem os trabalhos no
Paraná dizendo-se
"perplexos" com as acusações de
envolvimento da Polícia Civil do
Estado com o crime organizado.
"Aqui extrapolou. É a polícia
quem faz extorsão, controla, contrata o traficante e vende a droga.
Só vi coisa igual no Acre", afirmou o presidente da CPI, deputado Magno Malta (PTB-ES).
Durante os três dias de trabalho
da CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) no Paraná, 30 policiais
civis foram afastados sob acusação de liderar o tráfico de drogas e
o roubo de veículos. A Justiça decretou 15 mandados de prisão.
Entre os acusados estão o ex-delegado-geral João Ricardo Kepes
de Noronha e cinco delegados
que ocupavam cargos de confiança na polícia do Estado.
Noronha foi exonerado da função pelo governador do Paraná,
Jaime Lerner (PFL), por não atender à convocação da CPI. O ex-delegado-geral está foragido.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Candido Martins
de Oliveira, foi o último a prestar
depoimento aos parlamentares,
que interrogaram ex-policiais,
traficantes e usuários de drogas.
Oliveira afirmou desconhecer
que a cúpula da Polícia Civil estivesse ligada ao crime organizado.
Ele prometeu "recolher os cacos
do que sobrou" e ajudar a comissão a combater o narcotráfico. O
depoimento não convenceu todos os integrantes da comissão.
"Como o senhor não sabia das
acusações contra a cúpula da polícia? Ou é conivência ou é incompetência administrativa", disse o
deputado Lino Rossi (PTB-MT),
ao interrogar Oliveira.
"Eu, que estou em Brasília, tão
longe, fiquei sabendo de tanta coisa. Como é que ele, que está na
chefia da polícia há cinco anos,
não sabia?", questionou o deputado Robson Tuma (PFL-SP).
"Recebo, com toda a humildade, a observação com relação a
deficiências de controle da máquina policial da estrutura da Secretaria de Segurança. Ninguém
ficou mais estarrecido do que eu",
disse o secretário.
Acordo
Apesar do tom incisivo dos dois
deputados, Oliveira não enfrentou um duro questionamento dos
outros integrantes da CPI.
Segundo o deputado Padre Roque (PT-PR), houve um acordo
para evitar um bate-boca entre
parlamentares e o secretário.
"Havia um certo compromisso
de não melindrar politicamente,
de não desestabilizar o governo."
O depoimento também desagradou a representantes do Ministério Público, que vai continuar a investigar a corrupção na
polícia paranaense. Para isso,
contará com um aparato especial,
que inclui aviões e 15 policiais.
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