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APERTO
Crianças, idosos e deficientes perderam 28,5% das verbas previstas no Orçamento antes da crise econômica
Corte social atinge pelo menos 624 mil
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Pelo menos
624,2 mil crianças, idosos e
portadores de
deficiências deixarão de ser
atendidos em
creches, asilos e
centros de reabilitação em todo o
país por causa dos cortes no Orçamento da União em decorrência
do ajuste fiscal.
Na versão do Orçamento anterior à crise do real, a União deveria
repassar R$ 341,4 milhões a Estados e municípios para atender 1,9
milhão de idosos, crianças e deficientes carentes.
Com a crise fiscal, a verba disponível para esses programas sofreu
um corte de 28,5%, caindo para R$
243,7 milhões.
Em quatro Estados -Minas Gerais, Maranhão, Roraima e Ceará- a situação é ainda mais grave.
Como não estão em dia com a Previdência, o repasse de verbas federais para o atendimento a crianças,
idosos e deficientes está suspenso.
Nesses Estados, só estão recebendo recursos os municípios que
não devem à Previdência e que já
conseguiram independência do
governo estadual para gerir os programas. Por isso, recebem a verba
diretamente da União.
Os que ainda dependem do Estado não receberam nenhum recurso federal em 99, comprometendo
o atendimento à população carente em creches, asilos e Apaes (Associações de Pais e Amigos de Excepcionais; leia texto ao lado).
Em todo o país, há aproximadamente 3.500 municípios que recebem a verba diretamente da União.
Desses, 645 também estão em débito com a Previdência e, por isso,
sem dinheiro para os programas
de assistência ao idoso, à criança e
ao deficiente.
A dívida de Estados e municípios
com a Previdência faz com que a liberação de recursos varie de Estado para Estado.
São Paulo, por exemplo, já recebeu 8,2% do R$ 1,3 milhão que tem
para atender idosos carentes. Minas recebeu apenas 4,9% dos R$
2,2 milhões que tem.
Os dados foram levantados pelo
gabinete do deputado federal Agnelo Queiróz (PC do B-DF) no Siafi
(sistema de acompanhamento de
gastos da União).
Outro lado
O secretário de Política Assistencial, Álvaro Machado, afirmou que
o governo está estudando medidas
de emergência para evitar que creches, Apaes e asilos suspendam o
atendimento por falta de recursos.
"Em Minas, no Maranhão, no
Ceará e em Roraima, estamos incentivando os municípios que ainda dependem dos governos estaduais a assumirem a execução dos
programas de apoio à criança, ao
idoso e ao deficiente para que voltem a receber recursos federais."
Já nos 645 municípios que recebem a verba diretamente da União,
mas que não estão em dia com a
Previdência, a solução será fazer
com que voltem a depender do Estado para não prejudicar a população.
Outros sete Estados (Bahia, Pará,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Norte, Sergipe e Tocantins) receberam dinheiro da União, mas os
recursos foram insuficientes para
garantir o atendimento integral às
crianças, aos idosos e aos deficientes carentes em janeiro.
Nesses Estados, a verba mensal
liberada pelo Ministério da Fazenda não foi suficiente para atender
todos os municípios que ainda dependem do governo estadual.
"Até sair o detalhamento das
despesas do Orçamento, dependemos da liberação mensal do Ministério da Fazenda para saber quanto poderemos repassar a cada Estado. E nem sempre os recursos
são suficientes", afirmou Machado.
Na Bahia, por exemplo, deveriam ter sido liberados R$ 465 mil
em fevereiro para garantir o atendimento de crianças carentes em
creches nos municípios que dependem do governo estadual. Entretanto, a Fazenda só liberou R$
279,9 mil.
A programação definitiva das
despesas de órgãos do governo só
deverá sair em abril. Até lá, o volume dos repasses mensais continuarão dependendo de determinação do Ministério da Fazenda.
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